Após a morte de Cristo, aqueles da
comunidade judaica que creram n’Ele, estavam inseguros quanto à direção em que
Deus Se movia em relação às promessas do Velho Testamento, concernentes ao
estabelecimento do reino Messiânico. A morte do Senhor foi um choque terrível
para eles; eles estavam convencidos de que seria “Ele o que remisse Israel” (Lc 24:21). Eles pensaram que Ele os
libertaria (o significado de redenção) de seus opressores gentios que
governavam sobre eles (Lc 4:18), e assim, efetuaria a “grande salvação” da libertação nacional de seus inimigos, como
anunciado no evangelho do reino (Hb 2:3). Mas tendo morrido, suas esperanças
n’Ele estavam aniquiladas e eles ficaram desencorajados. Nesta epístola, Pedro
mostra a esses queridos crentes que tudo não estava perdido na morte de Cristo.
De fato, a morte de Cristo realizou grandes coisas para a glória de Deus e para
a bênção do homem. Ela glorificou a Deus em relação a toda a questão do pecado.
Foi a derradeira “oferta pelo pecado”
(Is 53:10 – TB; Rm 8:3; 2 Co 5:21) que permitiu a Deus tirar os pecados de
todos os que cressem (Hb 9:26-28). Além disso, Pedro ensinou-lhes que em Cristo
ressuscitado e na vinda do Espírito Santo, Deus introduz uma esfera de muito
maiores bênçãos e privilégios, do que aquela que as esperanças judaicas tinham
em vista – e que essas novas bênçãos em Cristo estavam eternamente seguras. Por
isso, o fracasso de Israel em receber seu Messias não derrotou a Deus. Não
abalou Seu plano de abrir uma bênção maior em Cristo; isso era algo que Ele
pretendia fazer antes da fundação do mundo.
Em consequência do fracasso de Israel em
manter as condições da aliança da Lei e da
rejeição deles ao Messias, houve uma mudança nos caminhos de Deus; Seus
tratamentos com a nação de Israel foi suspenso. Isso é algo que foi predito
pelos profetas de Israel (Dn 9:24-27; Mq 5:1-3; Zc 11:10-14, etc.). Enquanto
isso, Deus “visitou os gentios” com
o evangelho de Sua graça com o objetivo de chamar, dentre eles, crentes no Senhor
Jesus Cristo, para compor uma nova companhia celestial de pessoas abençoadas –
a Igreja de Deus (At 15:14). Todos os que cressem de entre os judeus e os
gentios seriam parte dessa nova companhia (1 Co 12:13; Ef 2:11-22; 3:6).
Como mencionado, a primeira geração de
Cristãos judeus precisava de instrução por causa dessa troca dispensacional nos
caminhos de Deus, que é dada nas epístolas hebraico-Cristãs. (O apóstolo Paulo
também explica essa mudança dispensacional em Romanos 9-11.) As esperanças dos
crentes judeus no Senhor Jesus antes da cruz, eram centradas n’Ele, e com
razão, mas essas esperanças estavam de acordo com o fato de Ele ser seu Messias
judeu terreno. Mas a morte e ressurreição de Cristo mudaram tudo; tendo sido “cortado” (JND) na morte, Ele não teria
“nada” (JND) naquele tempo, no que
diz respeito ao Seu Messiado (Dn 9:26). Como Cristãos, os crentes judeus agora
O conheceriam em um novo e muito mais abençoado relacionamento, como um
Salvador ressuscitado em glória celestial. Assim, Paulo disse: “ainda que temos conhecido a Cristo segundo
a carne, agora contudo não O conhecemos mais deste modo. Se alguém está em
Cristo, é uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo” (2
Co 5:16-17 – TB). Assim, a morte de
Cristo fechou a porta (temporariamente) à bênção judaica na Terra, mas a ressurreição e ascensão de Cristo abriram a porta para bênçãos superiores para os
Cristãos, que estão em uma nova posição de favor diante de Deus em Cristo.
Pedro não estava escrevendo para aqueles
que conheceram o Senhor na Terra, pois ele diz: “Ao qual, não O havendo visto, amais...” (cap. 1:8). Esses crentes
haviam se convertido após o Pentecostes e, portanto, não tinham visto o Senhor
pessoalmente. Alguns deles podem muito bem ter se convertido pela pregação de
Pedro no dia de Pentecostes (At 2:5-11). E alguns podem ter sido salvos por
meio dos trabalhos de Paulo e Barnabé, que pregaram em algumas das regiões
mencionadas no capítulo 1:1. Independentemente de esses santos serem convertidos
de Pedro ou não, eles eram crentes judeus, e ele sentia a responsabilidade de
pastoreá-los como havia sido comissionado pelo Senhor. Assim, ele escreve para
falar-lhes do novo relacionamento que tinham com Deus como Pai e de seu nova
posição diante d’Ele em Cristo. Ele também lhes mostra que eles tinham novas e
melhores esperanças em Cristo ressuscitado e os instrui quanto à conduta apropriada
adequada às novas bênçãos Cristãs. Uma vez que estava escrevendo para aqueles
que estavam familiarizados com as Escrituras do Velho Testamento, Pedro faz
numerosas referências a passagens no Velho Testamento, com as quais eles deviam
estar familiarizados.