terça-feira, 2 de junho de 2020

Uma Publicação VERDADES VIVAS

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Duas Admoestações Finais


Vs. 17-18 – Encerrando a epístola, Pedro faz duas admoestações finais: Uma é uma advertência contra tornar-se afetado pela apostasia que caracterizaria os últimos dias. Ele diz: guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza. Não é que os verdadeiros crentes possam apostatar (abandonar a fé Cristã), mas eles podem ser levados “juntamente” com a corrente da apostasia e abandonar certos princípios e práticas bíblicos que um dia sustentaram. Essa era a preocupação de Pedro. A outra é uma palavra de encorajamento para continuar na verdade e assim crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Ele merece toda a glória e louvor, assim agora, como no dia da eternidade. Amém

A Importância das Epístolas de Paulo

Vs. 15b-16 – Ao encerrar a epístola, Pedro aproveita a oportunidade para endossar as epístolas de Paulo e encorajar os santos a recebê-las. Ele diz: Como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos [ignorantes – JND] e inconstantes [mal estabelecidos – JND] torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. É afável ver Pedro chamando carinhosamente Paulo de “amado”. Depois da repreensão pública de Paulo a Pedro em Antioquia (Gl 2:11-21), Pedro poderia muito bem nutrir sentimentos de ressentimento em relação a ele, mas isso mostra que esse não era o caso. Pedro então diz aos santos que as coisas que ele lhes ensinou foram “também” ensinadas por Paulo em “suas epístolas”. Isso mostra que o ministério deles é complementar. Assim, as coisas que Pedro havia escrito em suas epístolas não eram uma opinião particular sua.
Pedro também faz referência a Paulo ter “escrito” uma epístola aos santos judeus. A maioria, se não todos, dos que ensinam sobre a Bíblia de forma confiável dizem que isso é uma alusão à epístola aos Hebreus. Pode ser perguntado se já que Paulo é o escritor dessa epístola, por que ele não se apresentou em sua forma normal como um apóstolo, como faz em suas outras epístolas? Há pelo menos três razões pelas quais não o fez: Primeiro, porque o apostolado de Paulo era exclusivamente para o seu trabalho entre os gentios (Rm 11:13, 15:16; Gl 2:8). Ele não tinha autoridade para se dirigir a seus compatriotas como apóstolo. Isso não significa que Paulo não pudesse se dirigir a seus irmãos judeus; é apenas que ele não poderia fazê-lo com autoridade apostólica; portanto, seu apostolado não é mencionado. Uma segunda razão pela qual ele não mencionou seu apostolado foi porque o encargo do Espírito de Deus em Hebreus é apresentar a Cristo como o Grande “Apóstolo” de nossa confissão (Hb 3:1). Paulo mencionar seu apostolado poderia tê-los distraído a esse respeito. Ele queria que seus leitores entendessem que a mensagem na epístola vinha de Alguém que era um Apóstolo muito maior do que ele próprio (caps. 1:2, 12:24-25). Paulo, portanto, alegremente permanece em segundo plano, a fim de trazer Cristo para o primeiro plano de uma forma mais notória. Uma terceira razão é que, se a epístola, que foi escrita aos judeus crentes, caísse nas mãos de judeus incrédulos, e esses soubessem que seu autor era Paulo, eles nunca a teriam recebido. Eles teriam descartado tudo imediatamente porque o viam como um renegado do judaísmo.
Pedro reconhece que para uma pessoa vinda de um contexto judaico, a doutrina de Paulo (especialmente seu ensinamento dispensacionalista) seria “difícil de entender” – não no sentido de abraçar intelectualmente o que ensinava, mas de aceitar que ela vinha verdadeiramente de Deus. A verdade a respeito de Deus colocar Israel temporariamente de lado por causa da rejeição do Messias por parte dos judeus (Mi 5:1-3, etc.), e, um consequente alcance para com os gentios por meio do evangelho, para levá-los a uma bênção maior na Igreja, do que jamais fora oferecido a Israel (At 15:14, etc.) era algo difícil de eles acreditarem. Pedro também reconhece que houve um ataque presente à doutrina de Paulo por homens que eram “indoutos [ignorantes – JND] e inconstantes [mal estabelecidos – JND]. Esses ataques só se intensificaram em nossos dias.
Ao falar sobre isso, Pedro coloca as epístolas de Paulo entre “as outras Escrituras”. Isso significa que ele as viu como sendo divinamente inspiradas, e as endossou como tais. Sendo Escritura, os santos devem receber a doutrina de Paulo da mesma maneira que os Bereanos – “de bom grado” (At 17:10-12).

Três Céus e a Terra

Revisando, Pedro falou de três diferentes “céus e a Terra” neste capítulo:
  • Os céus e a Terra que eram “da antiguidade” (v. 5). Esta é a criação original que passou pelo caos por meio do juízo de Deus (Gn 1:1-2).
  • Os céus e a Terra que “agora existem”, que é a Terra reconstruída e os céus descritos em Gênesis 1:3-2:3. Isto está atualmente esperando para ser dissolvido com fogo no final dos tempos (vs. 6-7).
  • “Novos céus” e Terra no Estado Eterno que ainda está para ser criado (vs. 13; Ap 21:1-8).


O Dia de Deus

Vs. 12-13 – Pedro continua: Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova Terra, em que habita a justiça. Saber que estas coisas estão vindo, não deveria produzir prostração em nós, mas uma ardente expectativa por essas coisas. Sua lógica é simples e pungente; se vai haver uma destruição de tudo o que é material, devemos estar vivendo para coisas espirituais que são eternas, em vez de coisas presentes que vão passar.
“O Dia de Deus” é o Estado Eterno, que segue o Milênio. Existem apenas três lugares na Escritura onde o Estado Eterno é descrito – 1 Co 15:24-28; 2 Pe 3:12-13; Ap 21:1-8. Além de ser chamado de Dia de Deus, também é chamado de “Dia da Eternidade” (v. 18) e “séculos dos séculos” (Gl 1:5 – TB; Ef 3:21; Fp 4:20; 1 Tm 1:17, 2 Tm 4:18, Hb 1:8, 13:21; 1 Pe 4:11, 5:11; Ap 1:6, 18, 4:9-10, 5:13, 7:12, 10:6, 11:15, 15:7, 19:3, 20:10, 22:5). Este dia eterno é uma das três coisas futuras pelas quais devemos estar “aguardando”:
  • A “bem aventurada esperança” – o Arrebatamento (Tt 2:13a).
  • O “aparecimento da glória” de Cristo (Tt 2:13b).
  • O “dia de Deus” (2 Pe 3:12).
Pedro diz que não devemos estar apenas “aguardando” por aquele dia eterno com ardente expectativa, mas também devemos estar “apressando a vinda do Dia de Deus”!(ARA) O que isto significa? De que maneira podemos apressar a vinda daquele dia? Teólogos Reformados (Pacto) nos dizem que isso significa que precisamos nos ocupar com o trabalho evangelístico e converter o mundo a Deus, pois o Senhor não virá até que isso seja feito. Ao sermos tão engajados, “aceleramos” (NIV) a Sua vinda e a realização de Seus propósitos. Mas isso não é verdade; o tempo de Sua chegada está definido no horário perfeito de Deus, não podemos apressá-la. Além disso, os versículos 12-13 não estão falando da promessa da vinda do Senhor como esses teólogos imaginam, mas da “promessa” da vinda do Dia de Deus – o Estado Eterno. Não é que podemos fazer sua hora chegar mais depressa do que Deus ordenou, mas se vivêssemos moral e espiritualmente como se estivéssemos agora naquele dia, quanto à nossa experiência, o traríamos para mais perto de nós pessoalmente.
A frase “novos céus e nova Terra” é emprestada de Isaías 65:17, 66:23, mas aqui está se referindo ao reino milenar de Cristo. Isso pode ser visto no fato de que o pecado e a morte são vistos naquelas passagens como estando ainda presentes. Em Isaías, a expressão é usada figurativamente para descrever a nova ordem moral da vida que se fará cumprir por meio da justiça reinando naquele dia (Is 32:1, 61:11). O Senhor Se referiu a ela como “a regeneração” (Mt 19:28). Aqui, em 2 Pedro 3, o termo envolve não apenas uma nova ordem moral (que deveria ser exibida pelos Cristãos agora – Tt 3:5), mas também uma nova criação física dos céus e da Terra.
Pedro acrescenta: “em que habita a justiça”. Hoje, no tempo da ausência de Cristo, a justiça sofre porque o pecado é abundante em toda parte. A graça reina por meio da justiça no coração do crente (Rm 5:21), mas publicamente, em todos os aspectos da vida no mundo, a justiça sofre. Mas quando Cristo aparecer e julgar este mundo em justiça (At 17:31), Ele estabelecerá Seu reino milenar onde reinará a justiça (Is 32:1). O pecado ainda existirá na criação, mas será subjugado. Se e quando o pecado for manifestado, será julgado (Sl 101). Quando o Dia de Deus (o Estado Eterno) for introduzido, a justiça habitará em perfeito repouso, pois o pecado e a morte serão erradicados (1 Co 15:26; Ap 21:4). Não haverá necessidade de impor justiça naquele dia porque tudo será ordenado de acordo com a mente de Deus.
Vs. 14-15a – Pedro então se dirige à nossa vida exterior diante do mundo em vista de compartilhar o evangelho com os perdidos. Ele diz: Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que d’Ele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor. Vemos desta declaração que é importante que nossa vida esteja corretamente ordenada diante do mundo, se esperamos que eles recebam o que dizemos a respeito de sermos salvos. A obra do evangelho sem uma vida que apoie o que dizemos perderá poder e sinceridade. Devemos, portanto, primeiro viver em “paz” com nosso próximo (sem comprometer os princípios Cristãos) e sermos achados imaculados e irrepreensíveis diante deles. Quando esse é o caso, podemos usar nosso tempo proveitosamente ao compartilharmos o evangelho, e isso pode resultar na “salvação” deles. Assim, a demora da vinda do Senhor e da vinda do Dia de Deus, se corretamente entendidas, não torna os crentes descuidados, mas os motiva para a vida piedosa (v. 11), a expectativa sincera (vs. 12-13) e o serviço diligente (vs. 14-15a).

O Efeito Prático Que Essas Coisas Deveriam Ter Sobre Nós


Vs. 11-16 – Tendo nos informado sobre as coisas que estão por vir, na última parte do capítulo, Pedro se volta para falar do efeito prático que essas coisas devem ter em nossa vida, e nos exorta para esse fim. Assim, seu propósito em mencionar eventos futuros é intensamente prático.
Vs. 11 – Ele pergunta retoricamente: Havendo pois de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato [maneira de vida], e piedade? O primeiro efeito que essas coisas devem ter sobre nós é para produzir um exercício para viver piedosamente no pouco que nos resta. Assim, o conhecimento da profecia nos foi dado não meramente para construirmos um calendário de eventos futuros em nossa mente, mas também para construir um sólido caráter Cristão em nossa vida.

O Dia do Senhor


V. 10 – Estejamos seguros. Cristo voltará e o juízo será executado no dia do Senhor. Naquele dia, haverá um encerramento de tudo relacionado com esta presente criação e um início de uma nova ordem de coisas nos novos céus e na nova Terra. Pedro diz: Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a Terra e as obras que nela há, se queimarão. Nesta declaração, ele fala de dois eventos futuros que acontecem no “Dia do Senhor” – a vinda do Senhor como “o ladrão de noite”, que é a Sua Aparição (Mt 24:43-44; Lc 12:39-40; 1 Ts 5:2; Ap 3:5 16:15) e a dissolução dos “elementos” da criação material, que acontece, no cálculo de tempo do homem, mil anos depois (Ap 20:4-21:8). Assim, Pedro nos mostra que “o Dia do Senhor” não é um dia de 24 horas, mas um período de mil anos, quando Cristo exercerá a autoridade do Seu Senhorio sobre o mundo. Isso, como ele explicou no versículo 8, é apenas “um dia” para o Senhor. Ele não fala do Milênio aqui, que virá entre esses dois eventos, mas passa por cima disso para se concentrar no momento em que Deus cumprirá Sua Palavra na dissolução de todas as coisas. Portanto, Cristo aparecerá no início do Dia do Senhor, e no final daquele dia que Ele efetuará uma dissolução de tudo na criação material (Mt 24:35; Hb 1:11-12; 2 Pe 3:7, 10-12; Ap 20:11b, 21:1).

Três Intervenções Catastróficas de Juízo


Vs. 5-7 – Pedro expõe a loucura do raciocínio deles ao afirmar que todas as coisas não permaneceram desde o princípio sem intervenções divinas de juízo. Ele aponta para dois desses juízos catastróficos na história e nos diz que há um terceiro juízo que ultrapassará em muito as proporções dos outros dois. Ele diz: Eles voluntariamente ignoram isto: que pela Palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a Terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste. Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio. Mas os céus e a Terra que agora existem pela mesma Palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios.
O versículo 5 é uma referência a uma intervenção primitiva do juízo de Deus que deixou a Terra no estado caótico tendo sua subsistência fora da água e na água(JND). Essa cena lacustre[1] é descrita em Gênesis 1:2. Alguns pensam que este versículo 5 se refere ao dilúvio nos dias de Noé, mas se fosse esse o caso, isso contradiria o relato de Gênesis sobre o dilúvio. Gênesis 7:19-20 afirma que as águas do dilúvio cobriram completamente a Terra; não havia pedaços de Terra “subsistindo fora da água e na água”, como diz o versículo 5. Este versículo, portanto, deve estar se referindo a algo diferente do dilúvio. Como Pedro fala disso antes de descrever o dilúvio no versículo 6, ele deve estar falando de algo que aconteceu antes do dilúvio. O que mais poderia ser senão Gênesis 1:2? Muitos que ensinam sobre a Bíblia relacionam isso com Gênesis 1.
A descrição da Terra no versículo 5 pode não se parecer com a descrição dada em Gênesis 1:2 quando comparada, mas realmente não há dificuldade em reconciliar as duas passagens quando lembramos que a Bíblia é uma revelação progressiva da verdade. Isto é, o que é dado no Velho Testamento é frequentemente expandido no Novo, onde mais detalhes são dados. Este, acreditamos, é o caso de 2 Pedro 3:5. A partir da leitura de Gênesis 1:2, poderíamos pensar que as águas cobriram a Terra, mas olhando mais de perto a passagem, vemos que ela não diz isso. Pode-se argumentar que não foi até o terceiro dia que a terra emergiu das águas. Novamente, a Escritura não diz isso; diz que a Terra ficou “seca” no terceiro dia. (A palavra “terra” em Gênesis 1:9-10 está em itálico, indicando que não está no texto hebraico.) Colocando as duas passagens juntas, nos damos conta de que a condição da Terra quando era sem forma e vazia, era de um terreno vazio parcialmente submerso.
No versículo 6, Pedro fala de uma segunda intervenção do juízo divino, que é inquestionavelmente o dilúvio nos dias de Noé. W. Kelly comentou: “A passagem diante de nós [vs. 5-6] é aplicada por alguns apenas à constituição primitiva da Terra, por outros, é aplicada ao dilúvio. Está bem claro que o apóstolo olha de forma sucessiva para cada um” (The Second Epistles of Peter, pág. 165). Uma vez que a “Alta Crítica” nega a inspiração divina dos dez primeiros capítulos do Gênesis, podemos ver por que esses chamados estudiosos diriam que nada mudou desde o início da criação; Os dois juízos que Pedro cita nos versículos 5-6 são ambos registrados nos primeiros capítulos de Gênesis, os quais eles não aceitam!
No versículo 7, Pedro aponta para uma terceira intervenção do juízo que ainda está por vir. Ele nos diz que o instrumento que Deus usará neste juízo vindouro não será a água como no dilúvio, mas o “fogo”. Além disso, este juízo tocará tudo em os céus e a Terra, ao contrário do dilúvio que afetou apenas a Terra. Assim, tudo o que colocamos nossos olhos nesta criação está guardado para o fogo. Este terceiro juízo não ocorrerá na segunda vinda de Cristo; no entanto, a vinda de Cristo, que esses homens negam, é tão certa quanto a própria Palavra de Deus. De fato, a vinda de Cristo é declarada em 23 dos 27 livros do Novo Testamento! – Gálatas, Filemom, 2 e 3 João são as exceções. Negar que Cristo virá novamente, como fazem os zombadores, é uma prova clara da ofensiva infidelidade que existe nestes últimos dias.
Vs. 8-9 – Quanto ao tempo em que Cristo virá, Pedro explica que Deus não conta o tempo como os homens. Ele diz: Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. (Veja também Salmo 90:4.) Assim, enquanto os infiéis deste mundo “voluntariamente ignoram” (v. 5), que os santos não sejam “ignorantes” em relação a estas coisas (v. 8). No cálculo de Deus, o tempo da ausência de Cristo deste mundo tem sido de apenas dois dias, o que não é tão longo! Pedro nos diz que a razão para a pequena demora é que Deus é misericordioso! Está claro na Escritura que quando Cristo vier (Sua Aparição), será para executar julgamento sobre os pecadores ímpios deste mundo (Jd 14-15) – pois Deus não permitirá que as coisas continuem em seu estado atual indefinidamente. Ele diz: O Senhor não retarda a Sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é Longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Assim, o lapso de tempo em relação à vinda de Cristo é uma prova da longânime misericórdia de Deus, e não Sua incapacidade de fazê-la acontecer. Se os ímpios pecadores deste mundo estivessem em sã consciência e entendessem isso, estariam agradecendo a Deus que a vinda de Cristo tem sido adiada.


[1] N. do T.: A palavra lacustre provém do latim “lacus” e descreve tudo aquilo que pertence a um lago.

A Importância de se ter a Palavra de Deus Sempre na Lembrança

Vs. 1-2 – Tendo, no capítulo 2, estabelecido o caráter do mal que entraria no testemunho Cristão por meio de falso ensino, neste capítulo 3, Pedro menciona outra coisa que marcaria a Cristandade nos últimos dias – incredulidade. Com isto em vista, Pedro ocupa-se em preparar os santos para os tempos tenebrosos à frente. Ele diz: “Amados, escrevo-vos agora esta segunda carta em ambas as quais desperto com exortação [por lembranças – KJV] o vosso ânimo sincero [a vossa mente pura – JND]; Para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos. Todo crente, por meio do novo nascimento, tem uma mente “pura”, mas Deus quer que sejamos exercitados sobre manter nossa mente pura em um sentido prático. Este é realmente um desafio considerável, e especialmente para aqueles que vivem nos últimos dias, quando a corrupção se intensificará de todos os lados. Pedro indica aqui que isso é feito com base no princípio da substituição. Devemos ter nossa mente cheia da verdade que Deus nos deu – tanto nos escritos dos “santos profetas” (o Velho Testamento) quanto no “mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos (o Novo Testamento). Quando nosso coração e mente estão cheios da Palavra de Deus, não há espaço para a corrupção entrar. Isso significa que precisamos estar ocupados com o que é positivo e animador, não com o que é negativo e corrompedor. E onde mais podemos ir para isso, senão para as Sagradas Escrituras? Não há nada tão santificador para a alma do crente do que ter sua mente saturada com a Palavra de Deus (Jo 17:17).
Pedro não nos diz para procurarmos alguma nova revelação da verdade, mas para estarmos mais intimamente familiarizados com a verdade que Deus deu em ambos os Testamentos. Devemos mantê-la “na lembrança”, repetindo-a várias vezes, porque tão facilmente nos esquecemos. Isso mostra que há valor na repetição. Estando equipados com tal conhecimento, seremos capazes de discernir os falsos ensinos dos homens. Assim, o caminho para enfrentar os perigos do dia é conhecendo e andando na verdade; isso é nossa maior defesa contra os erros da Cristandade.
Vs. 3-4 – Pedro então explica porque é importante ter a verdade sempre na lembrança – haveria um ataque à verdade por aqueles que professam ser Cristãos! Pedro nos dá um exemplo: Sabendo primeiro isto: que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, E dizendo: Onde está a promessa da Sua vinda? porque desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Assim, o falso ensino na Cristandade produzirá uma geração de crentes meramente professos, que negarão abertamente e zombarão da verdade – especialmente a verdade da vinda de Cristo.
Parece difícil acreditar que aqueles que professam ser Cristãos se oporiam às declarações claras da Escritura sobre a segunda vinda de Cristo. Mas vivendo nos “últimos dias”, como estamos hoje, podemos ver em retrospecto como isso aconteceu. Um grande setor da profissão Cristã (protestantismo neo-ortodoxo, unitarismo, etc.) se entregou à chamada “Alta Crítica”, que levou estudiosos a concluírem que muitas partes da Bíblia não são divinamente inspiradas – tais como os primeiros dez capítulos de Gênesis, a história de Jonas, etc. Isso enfraqueceu a confiança das massas da Cristandade quanto à confiabilidade da Escritura, e dessa infidelidade saiu quem zomba da Palavra de Deus. Pedro diz que a razão pela qual eles zombam do pensamento da vinda do Senhor é porque (dizem eles) todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”.

O FIM DA CRISTANDADE, DO MUNDO, E DA CRIAÇÃO - Capítulo 3


Neste último capítulo, Pedro mostra que o governo de Deus levará tudo na Cristandade e no mundo ao seu fim apropriado. No dia do Senhor, todo mal será julgado, e todos nos céus e na Terra serão reorganizados de acordo com a vontade de Deus, para a glória de Deus e para a bênção eterna do homem.

Seus Convertidos


Vs. 18-22 – Uma mudança no uso dos pronomes que ocorrem nos últimos versículos do capítulo indica que Pedro se voltou para falar das vítimas desses falsos mestres. Ele vinha usando as palavras “estes” e “eles” para se referir aos mestres, mas agora nesses versículos ele fala de “aqueles” e “lhes” que engolem seus maus ensinamentos. Ele diz: “Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro; Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo [escravo]. Isso mostra que há certo tipo de pessoas que se inclinam para esses maus ensinamentos. Estas são almas inconstantes [não-estabelecidas – JND] (v. 14) que são caracterizadas pelas “concupiscências da carne e “dissoluções [libertinagem – KJV] (v. 18). Insatisfeitos com as coisas que eles perseguiram no mundo, se voltam para a religião, e sendo de tal caráter como Pedro descreve, serão atraídos para o que esses homens ensinam (2 Tm 4:3-4). Os falsos mestres encorajarão essas pobres almas a se entregarem à “liberdade” a que eles mesmos se entregam – que não é a verdadeira liberdade Cristã (Gl 5:1), mas à liberdade para a carne (Gl 5:13). Ao fazê-lo, eles são levados para a mesma escravidão em que estão esses falsos mestres (v. 19).
Vs. 20-21 – Pedro continua nos mostrando o quanto essas pessoas são responsáveis. Elas entrarão na profissão Cristã e, assim, momentaneamente “escaparão das corrupções do mundo”. Ao assumir essa posição, elas serão iluminadas pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Isso não significa que elas serão salvas, pois o conhecimento de Cristo e a em Cristo são duas coisas diferentes: o conhecimento traz iluminação (Hb 6:4), mas a fé traz salvação (Ef 2:8). Não estando satisfeitos com este conhecimento de Cristo, e não tendo fé, eles se desviarão d’Ele e apostatarão. Como resultado, eles se tornarão “envolvidos” nos erros desses falsos doutores e serão “vencidos”.
Pedro diz que o último estado [se tornou] pior do que o primeiro. Isso ocorre porque no seu “primeiro” estado – antes de se identificarem com o Cristianismo – eles eram menos responsáveis. Mas tendo assumido um lugar no testemunho Cristão em que há grandes privilégios e muita luz espiritual, eles se tornaram mais responsáveis, pois quanto maior a luz que alguém recebeu, maior se torna sua responsabilidade (Lc 12:47-48). Desviar-se da luz que alguém professou ter recebido apenas traz maior juízo em seu “fim”. Pedro, portanto, argumenta que seria melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado”.
V. 22 – Ele aponta para dois animais impuros, de acordo com a ordem levítica, que ilustram a verdadeira condição desses Cristãos meramente professos. Ser iluminado com o conhecimento de Cristo não os mudou. Como um “cão” que “voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espoja douro de lama, essas pessoas provam que nada mudou nelas ao voltarem para seu antigo modo de pecar (Pv 26:11). A lavagem de que Pedro fala aqui é algo superficial – a limpeza da vida exterior – não é uma limpeza interior da alma resultante do novo nascimento (Jo 3:5, 13:10; 1 Co 6:11) e salvação (1 Jo 1:7; Ap 1:5). Assim, essas pessoas passarão por uma reforma externa, mas não durará muito, porque não houve uma reforma interna de Deus em sua alma em conversão (Lc 8:13).
Resumindo o capítulo 2, Pedro previu a ascensão de falsos doutores dentro do testemunho Cristão que ensinarão coisas pervertidas e, como resultado, trarão heresias destrutivas pelas quais a massa de Cristãos professos, cairia em mundanismo, iniquidade e corrupção. Vivendo em nossos dias, vemos que isso é exatamente o que aconteceu na Cristandade.

Seu Caráter

Vs. 10-17 – Nesta próxima série de versículos, Pedro mostra que a má doutrina leva à má prática. É um fato que a má doutrina afeta os caminhos morais da pessoa (2 Tm 2:16). Pedro despoja esses falsos mestres de suas túnicas, mostrando-nos como é sua verdadeira condição moral diante de Deus. O propósito de sua exposição não é ocupar os santos com o fracasso e o mal – pois aqueles que estão ocupados com o fracasso se tornam um fracasso – mas simplesmente nos mostrar a seriedade de sustentar uma doutrina errônea e ao que ela leva.
Sendo caracterizados pela insubmissão, esses homens se levantam contra toda autoridade – humana, angelical ou divina (vs. 10-11). Eles atacam a “verdade” (v. 2) e “falando mal daquilo em que são ignorantes” (v. 12 – ARA). Consequentemente, eles receberão o galardão da injustiça em um dia vindouro de juízo (vs. 13). Tendo “olhos cheios de adultério” e coração exercitado na avareza, eles são “filhos de maldição” (v. 14). Tendo deixado o caminho direito, eles “erraram” seguindo o “caminho de Balaão”, que é buscar riquezas e honra neste mundo (v. 15). Balaão foi repreendido, e esses falsos mestres serão repreendidos também por meio do julgamento de Deus (v. 16). Eles são “fontes sem água”, prometendo grandes coisas ao seu público, quando eles realmente não têm nada para oferecer espiritualmente (v. 17).
Ao dizer que esses maus mestres estariam “entre vós” (v. 1) e “convosco” (v. 13), poderíamos nos perguntar por que Pedro não teria instruído os santos a “julgar” seu ministério pelo que é, e excomungá-los (1 Co 10:15, 14:29), pois certamente nenhuma assembleia que é biblicamente reunida deve permitir que tal maldade exista em seu meio (1 Co 5:11-13; Gl 5:7-12). No entanto, Pedro não estava usando as palavras “entre” e “com” para indicar a comunhão dos santos à Mesa do Senhor, mas para indicar a associação externa dos santos com tudo o que existe sob a bandeira Cristã. Esses homens não estarão em comunhão à mesa do Senhor; sendo hereges, eles sairão da comunhão dos santos e iniciarão suas próprias seitas na Cristandade.

Sua Condenação



Vs. 4-9 – O Apóstolo traz três exemplos da história que provam que esse tipo de iniquidade será justamente recompensado com uma intervenção do julgamento divino.
Em primeiro lugar, há os “anjos” que pecaram na época do dilúvio. Eles tentaram coabitar com as filhas dos homens e criar uma espécie de raça superior (Gn 6:2-4), mas Deus interveio e os lançou no “abismo mais profundo da escuridão” (JND) (Tártaro) onde eles aguardam o grande dia do julgamento (Jd 6). Naquele dia, eles – junto com o diabo e todos os outros anjos caídos – serão lançados no “lago de fogo”, que é o inferno (Mt 25:41; Ap 20:10). Este versículo 4 não está se referindo à queda de Satanás e de seus anjos, quando eles foram expulsos da morada de Deus (Ez 28:11-19). Está se referindo a alguns dentre aqueles anjos caídos se engajando nesta grande iniquidade na época do dilúvio e, consequentemente, sendo levados e confinados no abismo. O restante dos anjos caídos ainda está solto e fazendo o seu trabalho maligno. Eles também serão capturados e lançados no abismo quando Cristo aparecer (Is 24:21-22; Ap 20:1-3). Eles permanecerão lá durante do Milênio até o grande dia do julgamento no final dos tempos, quando serão lançados no lago de fogo (Ap 20:10).
Em segundo lugar, há os incrédulos que viveram na época do dilúvio que foram julgados por Deus quando as águas fizeram transbordar o mundo de então (cap. 3:6). O juízo veio sobre eles porque recusaram a mensagem de Noé, “pregoeiro [arauto] da justiça”. Quando o juízo chegou, Noé e sua família foram livrados pela misericórdia de Deus no abrigo da arca (v. 5).
Em terceiro lugar, há os homens de Sodoma e Gomorra, que foram julgados por Deus, lançando fogo e enxofre sobre eles (vs. 6-8). Assim como a família de Noé foi poupada, também foi “Ló”. Ele escapou da cidade antes do juízo cair (Gn 19). Pedro não chama Ló de piedoso, mas ele diz que ele era “justo”, porque era um homem que tinha fé em Deus. Ele tinha uma alma salva, mas, infelizmente, uma vida perdida, porque ele escolheu viver para as coisas do mundo e não para as coisas de Deus. Consequentemente, ele perdeu tudo pelo que ele viveu! O versículo 8 nos diz que Ló viveu uma vida infeliz em Sodoma; sua alma era “afligida” diariamente pela corrupção que o rodeava. Sua vida é um aviso para todos os Cristãos que buscam o mundo e que vivem para ele (1 Co 3:15), e sua esposa é um aviso para todos os crentes meramente professos (Lc 17:32).
V. 9 – Pedro conforta nosso coração lembrando-nos de que Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia de juízo, para serem castigados. Isso mostra que o Senhor fará separação na desordem e confusão no testemunho Cristão, pois Ele sabe quem é verdadeiro e quem não é (2 Tm 2:19). Se formos verdadeiramente exercitados sobre sermos preservados em um dia mau, independentemente de quão tenebrosos e difíceis possam ser os tempos, podemos contar com Deus para fazê-lo.

Seus Maus Caminhos

Vs. 2-3 – Pedro então nos informa de seus maus caminhos. Ele diz: E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas [bem moldadas – JND]. O fato de que “muitos” seguirão esses falsos doutores mostra que esses movimentos heréticos não seriam esforços em baixa escala; eles atrairão muitos seguidores. Ao dizer que a “avareza” vai desempenhar um papel nesses movimentos religiosos, mostra que esses doutores estarão no “ministério” para ganhos pessoais, embora ocultem inteligentemente seus motivos. Eles usarão “palavras bem moldadas” para minar a verdade e disseminar seu erro. Seu truque favorito é redefinir os termos e expressões bíblicas, colocando suas próprias falsas interpretações sobre eles. Esses falsos doutores farão “negócio” de pessoas pobres que se juntam às suas heresias destrutivas. Isso mostra que o dinheiro terá uma grande parte nisso. Pedro nos garante que o “juízo” está esperando por eles e é bem merecido.

O Perigo dos Falsos Mestres Desencaminhando Pessoas

V. 1 – Tendo estabelecido, no capítulo 1, o caminho de Deus para ser guardado nos tempos em que a confusão e a corrupção entram no testemunho Cristão, no capítulo 2, Pedro explica como esse estado deplorável de coisas viria a existir. Ele diz: E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição [destrutivas], e negarão o Senhor que os resgatou [o Mestre que os comprou – JND], trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Assim, o mal entraria na profissão Cristã por meio de líderes se desviando e ensinando “coisas pervertidas” (ARA) que levariam “discípulos” após si mesmos (At 20:30; Rm 16:18; 2 Tm 2:16-18; 1 Jo 2:19).
No final do primeiro capítulo, Pedro fez referência a homens santos de Deus nos tempos do Velho Testamento, sendo movidos pelo Espírito para comunicar a verdade, mas neste capítulo, ele nos diz que nem todos os que falavam como um profeta naqueles dias eram movidos pelo Espírito Santo. Alguns eram “falsos profetas” que se disfarçavam como mensageiros de Deus e faziam a obra do inimigo “entre o povo” (1 Rs 18:19, 22:6; 2 Rs 10:19; Jr 28:10-17, 29:30-32, etc.). Pedro diz que seria exatamente o mesmo no Cristianismo; a corrupção entraria por meio de homens maus empenhados em sua trajetória para alcançar posições de influência, e então, usando sua influência para introduzir o mal. Assim, o abandono indiscriminado de Deus que caracterizaria a massa na profissão Cristã nos últimos dias, viria por meio de líderes corrompidos.
O fato de ele dizer que esses “falsos doutores” se levantariam “entre vós” mostra que essa corrupção não viria dos que estão de fora da profissão Cristã, que rejeitam o evangelho, mas daqueles que estão dentro do testemunho Cristão, que receberam o evangelho de forma professa! Ele diz que esses homens fariam seu trabalho “encobertamente” – ou “secretamente”, como muitas traduções o fazem. Isso significa que eles usariam dissimulação e engano para alcançar seus objetivos. Pedro não nos ocupa com os detalhes de suas más doutrinas – tal ocupação seria inútil e contaminante –, mas adverte os santos de que isso estava chegando. Em retrospecto, sabemos que isso é exatamente o que aconteceu.
Pedro diz que esses obreiros malignos conduziriam seus seguidores a “heresias destrutivas”. A heresia é uma divisão exterior no testemunho Cristão, onde uma parte se separa de outra como uma companhia distinta. Esses grupos geralmente adotam um nome religioso para se distinguirem e terão suas próprias regras e regulamentos para governar as pessoas envolvidas neles. Assim, “heresia” é a criação de uma “seita” entre os Cristãos, e é traduzida como tal em 1 Coríntios 11:19 na tradução J. N. Darby. É um mal que emana da carne – a natureza caída pecaminosa (Gl 5:20). Na Escritura, isso é aplicado às divisões que se desenvolveram na religião dos judeus (At 5:17, 15:5, 24:5, 26:5) e divisões que se desenvolveriam no Cristianismo (1 Co 11:19; Gl 5:20; 2 Pe 2:1). Uma pessoa que cria uma divisão exterior desse tipo entre os Cristãos, é um “herege” (Tt 3:10).
Heresia é comumente vista como uma má doutrina e foi popularizada como tal pela igreja católica romana. Historicamente, esse sistema rotulou como hereges todos que não guardavam suas doutrinas. Os que ensinam sobre a Bíblia às vezes usam o termo dessa maneira, em referência a erro doutrinário, mas estão falando convencionalmente. Heresia, quanto ao seu significado e uso bíblico, não necessariamente envolve má doutrina. G. V. Wigram nos diz que o pior e mais difícil tipo de heresia a ser tratado não é aquele que envolve má doutrina, mas o espírito de partidarismo e de divisão, está lá (Memorials of the Ministry of G. V. Wigram, vol. 2, pág. 91). A heresia tornou-se sinônimo de má doutrina na mente da maioria dos Cristãos, porque os hereges geralmente formam sua seita em torno de má doutrina.
Pedro diz que esses homens hereges negarão o Senhor [Mestre] que os resgatou [comprou], trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Alguns pensam que isso significa que esses homens foram uma vez salvos, mas porque negaram o Senhor, perderam a salvação de sua alma, e, como tal, serão julgados juntamente com todo o resto do mundo que rejeitar o evangelho. No entanto, isso não é o que Pedro está dizendo; tal noção nega a segurança eterna do crente – uma doutrina a qual a Escritura ensina claramente (Lc 15:3-6; Jo 6:37-40, 10:28-29; Rm 8:30-39; 1 Co 1:7-8; Fp 1:6; Hb 13:5; 1 Pe 1:5, etc.). Mesmo que esses homens assumam um papel de liderança entre o povo de Deus como doutores, eles não serão verdadeiros crentes (Mt 7:21-23). Sendo impostores, eles dizem que Cristo é seu “Mestre”, mas não o seu Senhor e Salvador (Veja também Judas 4). Tal classe de homens são as pessoas mais responsáveis na Terra, porque conhecem o evangelho e professam ter nele crido, mas não são verdadeiros. Visto que esses homens se apresentarão como doutores e transitarão entre a verdade Cristã (a maior luz que Deus já deu ao homem) com um propósito de promover suas próprias ambições carnais, seu juízo será o maior de todos (Lc 12:47-48).
Pensar que este versículo está ensinando que esses homens perderam a salvação da alma denuncia uma ignorância da diferença bíblica entre “comprado” e “redimido”. Comprado se refere ao que Cristo fez na cruz para comprar todas as pessoas e todas as coisas no mundo. Ele provou a morte por “todas as coisas” e assim pagou o preço para ser o Mestre de tudo (Hb 2:9 – JND). Como o Senhor indicou em uma parábola em Mateus 13, Ele comprou “o campo”, que, como Ele explica, é o mundo todo e todos os que nele existem (Mt 13:38, 44). Isso não significa que todos os homens são salvos, mas que todos pertencem a Ele. Comprado indica que houve uma mudança de propriedade (uma mudança de senhores), mas não necessariamente uma mudança na condição perdida de uma pessoa. Redimido vai além do comprado para incluir ser libertado. Esta é uma bênção que é introduzida pela fé no seu sangue (Rm 3:24-25). Isto é, todos os que em fé confirmam que Cristo na cruz os comprou, são consequentemente redimidos e, como tais, são libertados da pena e do julgamento de seus pecados (Ef 1:7; 1 Pe 1:18-19). Esses falsos doutores de que Pedro fala aqui, foram “comprados”, mas não diz que foram “redimidos” porque negaram aqu’Ele que fez a compra.

O CARÁTER DO MAL QUE ENTRARIA NA PROFISSÃO CRISTÃ POR MEIO DE FALSOS MESTRES - Capítulo 2

Na última parte da epístola, Pedro soa uma advertência contra duas formas de mal que caracterizariam a profissão Cristã nos dias em que os apóstolos não mais estariam na Terra; um é falso ensino (cap. 2) e o outro é incredulidade (cap. 3). O propósito das exortações de Pedro nesses dois últimos capítulos é tornar os santos conscientes desses perigos, a fim de que eles evitassem esse abandono da verdade.

Mantendo o Fim Glorioso de Deus diante de Nossa Alma

Vs. 15-21 – A terceira coisa necessária para a preservação no caminho é ter nossos olhos fixos no fim glorioso de Deus – que é ter Cristo manifestado publicamente na glória de Seu reino no mundo vindouro (o Milênio). Para assegurar aos santos que este grande fim será alcançado nos caminhos de Deus, Pedro nos indica o que aconteceu no Monte da Transfiguração. Ele diz: Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas: mas nós mesmos vimos [fomos testemunhas oculares – TB] a Sua majestade. Porquanto Ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória Lhe foi dirigida a seguinte voz: ‘Este é o Meu Filho amado, em Quem Me tenho comprazido’, E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com Ele no monte santo”. Aos apóstolos (Pedro, Tiago e João) foi dada uma prévia da glória do reino vindouro de Cristo (Mt 17:1-9). Ela foi a confirmação de Deus e garantia de que Seu fim definitivo seria alcançado em Cristo sendo publicamente glorificado no mundo vindouro.
Tendo sido verdadeiras “testemunhas oculares” do evento, os apóstolos nos “fizeram saber” a certeza disso e seu significado. Pedro nos assegura de que o que eles viram não era um sonho, nem um esquema bem pensado que eles haviam “artificialmente composto” – era uma realidade divina. Assim, temos prova viva no testemunho dos apóstolos que Deus coroará Cristo publicamente como Rei sobre toda a Terra” (Zc 14:9) e que Ele reinará como tal na glória do reino milenar. Muitos Cristãos não olham muito além do Arrebatamento, pensando que ele é a realização do propósito de Deus. Ele marcará o fim da história da Igreja na Terra, mas o grande fim de Deus tem a ver com a manifestação de Cristo na glória de Seu reino em duas grandes esferas – no céu e na Terra (Ef 1:10). É verdade que seremos chamados ao céu no Arrebatamento (1 Ts 4:15-18) e seremos glorificados juntamente com Cristo naquele tempo (Rm 8:17; Fp 3:21), mas Pedro não se atém aqui sobre esse lado das coisas.
Vs. 19-21 – O que eles viram no monte confirmou a Palavra profética no Velho Testamento. Pedro diz: E temos também a palavra profética confirmada, à qual bem fazeis, em estar atentos (como a uma luz que alumia em lugar escuro), até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”. (tradução da Synopsis of the Books of the Bible, Loizeaux edition, pág. 473 – nota de rodapé, de J. N. Darby.) Os profetas do Velho Testamento escreveram sobre aquele dia, mas os apóstolos o viram com os próprios olhos! Existe uma diferença; as Escrituras proféticas falam da glória terrena de Cristo naquele dia, enquanto o Monte da Transfiguração fala da glória celestial de Cristo. Esses dois testemunhos não se contradizem; ao contrário, eles se complementam, pois Cristo terá glória em ambas as esferas. A versão King James do versículo 19 sugere que a Palavra profética foi tornada “mais certa” pela experiência que os apóstolos tiveram no monte, mas aquelas Escrituras proféticas não poderiam se tornar mais certas do que eram; elas são a Palavra inspirada de Deus! O que Pedro está dizendo é simplesmente que a cena no monte coincide e confirma o que as Escrituras do Velho Testamento têm afirmado.
Ele diz que “bem fazeis” em “estar atentos” a tais passagens da Escritura. Esta foi uma exortação necessária para esses judeus crentes, porque eles podem ter sido tentados a negligenciar as Escrituras do Velho Testamento depois que se converteram ao Cristianismo. Em sua mente, essas coisas pertenciam à sua antiga vida como judeus e, portanto, não tinham aplicação real para eles agora. Pedro aborda essa ideia equivocada e explica que aquelas profecias do Velho Testamento são de grande valor prático para os Cristãos, e faríamos bem em atentar à sua mensagem. Essas passagens da Escritura são como uma luz que alumia em lugar escuro” – este mundo. Elas apresentam os padrões morais imutáveis de Deus para o homem; aprendemos com elas que enquanto a moral do homem muda e decai com os tempos, a moral de Deus não muda. A Palavra profética coloca diante do crente a esperança deste mundo ser endireitado quando Cristo reinar. Naquele tempo, haverá uma “regeneração” da vida moral na Terra, e tudo será ordenado de acordo com a mente e a vontade de Deus (Mt 19:28).
Assim, ocupar-se com as Escrituras proféticas faz com que o “dia” milenar “amanheça” em nosso “coração” antes do tempo, o qual amanhecerá neste mundo na Aparição de Cristo. Os santos cujo coração está fixados na glória do reino vindouro de Cristo “amam a Sua vinda [aparição – JND] (2 Tm 4:8), porque é o tempo em que Ele será abertamente justificado neste mundo onde foi envergonhado. E, se tivermos sido iluminados na presente verdade (v. 12), “a Estrela da Alva” surgirá em nosso coração. Isso se refere à esperança iminente da vinda do Senhor para nos levar para o céu no Arrebatamento (Ap 22:16). Ela surge em nosso coração, no sentido de que se torna uma coisa iminente para nós, porque sabemos que a estrela da Alva aparece no horizonte antes do Sol nascer e de começar um novo dia. Então, Cristo virá para Seus santos no Arrebatamento antes que Ele venha com Seus santos na Sua Aparição, para trazer o dia milenar. Se a Aparição de Cristo para endireitar o mundo está prestes a acontecer (Ap 1:1), então o Arrebatamento está ainda mais próximo! Esta é a “bem-aventurada esperança” do Cristão (Tt 2:13).
Quando estas duas coisas são percebidas em nossa alma, elas causarão um impacto em nossa vida. O efeito imediato do “dia” amanhecendo em nosso coração nos livra deste mundo. Percebemos que não há sentido em colocar nossa energia em construir algo para nós mesmos aqui neste mundo, quando todo esse sistema está prestes a ser julgado por Deus. O efeito imediato da “Estrela da Alva” surgindo em nosso coração é o despertar em nós de afeições nupciais para com nosso Noivo celestial e o desejo de estar com Ele; e também gera em nós uma preocupação genuína de alcançar os perdidos com o evangelho (Ap 22:17). Assim, não há nada tão refrescante e espiritualmente saudável do que ter nosso coração fixado naquela futura cena de glória quando Deus publicamente exaltará Seu Filho.
Vs. 20-21 – Levando este assunto a um encerramento, Pedro dá uma palavra de cautela quanto a lidar com as Escrituras proféticas. Ele diz: Sabendo primeiramente isto: que [o escopo de – JND] nenhuma profecia da Escritura é [obtido – JND] de particular interpretação [dela – JND]. Porque a profecia nunca foi produzida [proferida – JND] por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo [sob o poder do – JND] Espírito Santo”. Ao dizer: nenhuma profecia da Escritura é de interpretação privada(KJV), ele quer dizer que nenhuma passagem tem sua própria interpretação isolada. Por isso, ao interpretar a Palavra profética, devemos ter em mente que nenhuma passagem pode ser totalmente entendida sem que o restante da Escritura dê suporte a essa interpretação. Este é um grande princípio orientador para a correta interpretação da Bíblia. A nota de rodapé da tradução J. N. Darby no versículo 20 declara: “Poderíamos quase dizer ‘nenhuma profecia explica a si mesma’”. Portanto, devemos ter a luz de todas as Escrituras lançadas em qualquer passagem para entender corretamente o alcance completo de seu significado. F. B. Hole disse: “É uma advertência contra tratar-se cada enunciado profético como se fosse por si só, uma espécie de frase autônoma a ser interpretada à parte da massa do ensino profético. Toda profecia está conectada e inter-relacionada e deve ser entendida somente em conexão com o todo” (Epistles, vol. 3, pág. 131)
Essa “regra de ouro” da interpretação da Bíblia é de suma importância; ela nos libertará do erro. Apesar desta advertência, os cultos na Cristandade são notórios por isolarem passagens da Escritura na Palavra de Deus e construírem doutrinas espúrias a partir de suas ideias erradas. Pedro nos lembra de que os profetas não escreveram as Escrituras dessa maneira – isto é, por vontade de homem”. Sendo “movidos pelo Espírito Santo” sob inspiração (2 Tm 3:16), eles escreveram as Escrituras de tal forma que tudo se encaixa como um todo harmonioso – nenhuma passagem contradiz outra (Jo 10:35). Isso é notável porque muitos daqueles homens que Deus usou viviam em lugares diferentes e a vida deles estava separada por centenas de anos no tempo; eles não poderiam ter consultado um ao outro para garantir consistência. Havia muitos escritores, mas apenas um Autor – o próprio Deus. Ocasionalmente, Deus usaria homens profanos para comunicar uma palavra profética – como Balaão (Nm 22-24) e Caifás (Jo 11:49-52) – mas Ele usaria apenas “homens santos” para escrever as Escrituras. Visto que as Escrituras são divinamente inspiradas por Deus, podemos esperar com a mais completa certeza, que as futuras glórias de Cristo, que aquelas profecias do Velho Testamento previram, certamente virão a acontecer.
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Estar Estabelecido na Presente Verdade

Vs. 12-14 – A segunda coisa necessária para assegurar a preservação no caminho é estar estabelecido na revelação Cristã da verdade – e especialmente ao aplicar-se às coisas nos últimos dias, quando a Cristandade estaria em desordem, como os capítulos 2 e 3 indicam. Pedro diz: Pois não serei negligente para vos fazer sempre lembrar estas coisas, ainda que as saibais, e estejais estabelecidos na presente verdade” (KJV). Isso mostra que é importante ter um entendimento da verdade; ele nos “guardará” no caminho quando mantido em comunhão com o Senhor (Sl 40:11). Os princípios da Palavra de Deus, quando guardados e aplicados na vida de alguém, nos guiam e nos impedem de sair do caminho (Sl 17:4, 119:105, 130). Aqueles que não foram alicerçados na revelação Cristã da verdade são suscetíveis a serem levados em roda por todo o vento de doutrina que aparecem (Ef 4:14). O apóstolo Paulo declara que estar “estabelecido” na verdade envolve entender tanto o seu “evangelho” como a “revelação do Mistério” (Rm 16:25). O fato de Pedro dizer: ainda que as saibais, e estejais estabelecidos na presente verdade, mostra que ele considerava aqueles a quem escrevia como tendo amadurecido na fé. A responsabilidade de Pedro era lembrar estas coisas” (TB) aos santos, porque existe um verdadeiro perigo de esquecê-las.
Conhecer as Escrituras do Velho Testamento é uma tremenda vantagem para um Cristão, pois há muitos princípios que podem nos ajudar em nossa caminhada com o Senhor. Mas elas não nos estabelecerão na “presente verdade”. Por quê? Porque a verdade presente a qual Pedro está se referindo, não é encontrada no Velho Testamento. Ela é a revelação da verdade Cristã que Deus entregou aos santos por meio dos apóstolos; é a verdade do Novo Testamento.
Vs. 13-15 – Sentindo do Senhor que a hora de sua morte estava se aproximando, Pedro considerou uma coisa certa e proveitosa usar seu tempo e energia para despertar os santos, lembrando-os acerca destas coisas”. Isso mostra que ele sabia o valor da repetição. Também nos mostra que, embora possamos conhecer a verdade e termos sido estabelecidos nela, ainda precisamos rever essas coisas, repetidas vezes, para que permaneçamos “sempre lembrando”. Assim, não devemos procurar nova verdade – pois com tais tentativas alguns se desviaram para o erro – mas, em vez disso, devemos rever a mesma verdade que “uma vez foi dada aos santos” (Jd 3).
O Senhor disse a Pedro que, quando ele fosse “velho”, ele seria chamado para morrer pela glória de Deus como um mártir (Jo 21:18). No fato dele dizer: “Como nosso Senhor Jesus Cristo me mostrou”, sugere que sua morte seria por crucificação (v. 14). A história religiosa nos diz que ele, a seu próprio pedido, foi crucificado de cabeça para baixo, pois ele não se sentia digno de ser crucificado em uma posição de cabeça para cima, como o Senhor foi.

Tendo as Qualidades Morais Necessárias para Viver Fielmente

Vs. 5-11 – A primeira coisa é ter as qualidades morais necessárias para viver fielmente para o Senhor. Ele diz: “Mas, por isso mesmo, usando toda a diligência, em sua fé também tenha virtude, em virtude conhecimento, em conhecimento temperança [controle próprio], em temperança perseverança, em perseverança piedade, em piedade amor fraternal; e em amor fraternal caridade [amor divino] (JND). Assim, há sete qualidades morais que precisamos ter em nossa vida. As versões King James e Almeida Revista e Corrigida diz: “Acrescentai à vossa fé... colocando a preposição “à” [ou ao] antes de cada qualidade moral. Mas isso é enganoso. Esses suplementos ao texto induzem a pensar que essas qualidades morais devam ser acrescentadas uma após a outra em nossa vida em ordem consecutiva. No entanto, o pensamento na passagem é que elas devem ser desenvolvidas juntas. Da mesma forma, os ramos de uma árvore não crescem um após o outro, mas juntos como um todo.

VIRTUDE [CORAGEM ESPIRITUAL] (v. 5)

Virtude refere-se a ter energia espiritual e coragem para permanecer nas convicções de nossa fé. Em um dia em que a tendência geral na profissão Cristã é ir à deriva junto com a corrente das coisas, afastando-se de Deus e da verdade, é de extrema importância que tenhamos esse tipo de convicção e energia para nos impulsionar contra a corrente.

CIÊNCIA [CONHECIMENTO] (v. 5)

Isso tem a ver com ser inteligente na mente e vontade de Deus, em um sentido prático. É bem possível estar cheio de energia e zelo por Deus, mas sem entender os princípios divinos e, consequentemente, agir de maneira errada em certas situações. Assim, também precisamos ser “entendidos na ciência dos tempos para saber o que os santos “devem fazer” nestes dias difíceis (1 Cr 12:32 – AIBB).

TEMPERANÇA [CONTROLE PRÓPRIO] (v. 6)

Naturalmente tendemos a ser criaturas de extremos e, se não formos cuidadosos, nos tornaremos desequilibrados. Portanto, é necessário permanecermos no controle de nossos apetites corporais e de todos os outros propósitos em que possamos nos comprometer (1 Co 9:27).

PERSEVERANÇA [PACIÊNCIA] (v. 6)

Refere-se a resistir nas dificuldades no caminho da fé (2 Tm 2:3). Podemos ter certeza de que haverá resistência do mundo na forma de reprovação e perseguição. Ter essa qualidade moral nos capacitará a lutar ao longo das dificuldades e do desânimo, e a perseverar no caminho (2 Ts 1:4). Uma coisa é começar no caminho Cristão e outra é continuar (2 Tm 3:14). Não há nada como perseguição para separar quem é verdadeiro e quem não é (Mc 4:17).

PIEDADE (v. 6)

A santidade pessoal não deve ser negligenciada e, portanto, é ordenada aos santos aqui. A piedade não é obtida pela passividade; ela vem por meio de exercícios sérios (1 Tm 4:7).

AMOR FRATERNAL (v. 7)

É amor afetuoso com emoção (sentimento) (phileo). Deve ser manifestado aos nossos irmãos no Senhor, mas não ao mundo. Certamente, devemos amar as almas perdidas e alcançá-las com o evangelho (Rm 13:8), mas é para ser como Deus as ama (Jo 3:16) com amor divino (ágape). Se amarmos as pessoas do mundo com amor phileo, podemos ser atraídos para o mundo, pelo nosso afeto por eles.

AMOR DIVINO (v. 7)

Este é o amor ágape. É o amor que emana de uma disposição estabelecida do coração – uma decisão de amar seu objeto, que não envolve emoção ou mérito no objeto. Deus colocou Seu amor divino sobre nós quando não havia nada em nós para amar! (Rm 5:8) Deus ama com ambos os tipos de amor (Jo 3:35, 5:20) e também devemos amar dos dois modos. O amor divino tempera o amor fraterno. Isto é necessário porque se amássemos nossos irmãos apenas com amor fraternal, poderíamos estar inclinados a negligenciar neles certas falhas que precisam ser tratadas e repreendidas.

V. 8 – Pedro conclui dizendo: Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Nota: ele não diz, “Se vós sabeis sobre essas coisas”, mas sim, se em vós houver e abundarem estas coisas. Isso mostra que não é suficiente ter consciência da necessidade dessas qualidades morais em nossa vida; elas precisam ser parte integrante de nosso ser e, como tais, ter formado nosso caráter. Se essas coisas estão conosco apenas de uma maneira superficial, podem ser facilmente colocadas de lado, e esse tem sido o caso com muitos. O resultado dessas coisas sendo parte de nosso ser, é que seremos frutíferos no caminho de fé.
V. 9 – Pedro então adverte: Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. Isto mostra que se as características positivas da nova vida não estão sendo desenvolvidas em nós, ficaremos cegos quanto ao nosso próprio estado e perderemos de vista o objetivo de Deus, de ter Cristo manifestado em Seu reino de glória, no mundo vindouro. Isso pode resultar em um triste abandono do caminho. Portanto, se não estamos indo adiante no caminho Cristão, certamente iremos retroceder, porque nosso estado de alma nunca é estático.
V. 10 – Assim sendo, Pedro diz: “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis”. Mais uma vez, ele coloca o ônus sobre o crente, em aplicar-se nessas coisas para que não tropece no caminho. Podemos nos perguntar como devemos firmar mais a nossa vocação e eleição, quando elas são tão firmadas quanto poderiam ser. Pois é algo que é totalmente uma prerrogativa de Deus; Ele nos escolheu e nos chamou – e não tivemos nada a ver com isso. No entanto, Pedro não está falando do que é verdadeiro e seguro no coração de Deus, mas do que deve se manifestar em nossa vida pessoal ao andarmos com o Senhor. Provamos e confirmamos que somos Seus eleitos, manifestando as características morais das quais Pedro tem falado, e por produzirmos frutos para Deus em nossa vida. Essas coisas são evidências inconfundíveis de nosso chamado e eleição.
V. 11 – O grande resultado é: Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. Assim, num dia vindouro, Deus compensará a devoção dos santos a Cristo, e seu serviço para Seu nome, e isso será manifestado diante de um mundo maravilhoso (2 Ts 1:10; Ef 1:12). Muitos têm pensado que este versículo está se referindo à nossa entrada no céu quando o Senhor vier (o Arrebatamento). Isso significaria que alguns dos santos teriam uma entrada maior do que outros na casa do Pai, devido à sua fidelidade na Terra. No entanto, isso não é verdade. A responsabilidade dos santos não é levada em conta no momento da vinda do Senhor para nos levar para o céu (o Arrebatamento); todos nós teremos então uma recepção igualmente grandiosa e feliz. A questão da fidelidade dos santos (ou falta dela) será levada em conta mais tarde no tribunal de Cristo, e os resultados serão manifestados diante do mundo na Aparição de Cristo e durante o Seu reino milenar (Mt 24:45- 47; Lc 19:15-19). É a isto que Pedro está se referindo neste versículo. Ele não está falando da nossa entrada no céu, mas da nossa entrada no lado público do “reino eterno”, que será quando sairmos do céu com Cristo na Sua Aparição (1 Ts 3:13, 4:14; 2 Ts 1:10, Jd 14, Ap 19:14, etc.).
F. B. Hole disse: “O reino eterno não é o céu. Ninguém ganha o céu como resultado de diligência ou frutificação; nem alguns ganham uma entrada ampla e outros uma entrada estreita. Não há entrada no céu senão por meio da obra de Cristo – uma obra perfeita e disponível para todos os que creem – então todos os que entram, entram da mesma maneira e na mesma base, sem distinção. O reino eterno será estabelecido quando Jesus vier novamente, e em conexão com ele, as recompensas serão dadas como a parábola de Lucas 19:12-27 nos ensina. Haverá, consequentemente, grandes diferenças quanto aos lugares que os crentes ocuparão no reino, e nossa entrada nele pode ser abundante ou o contrário. Tudo dependerá de nossa diligência e fidelidade. A lembrança disso certamente nos estimulará ao zelo e à devoção” (Epistles, vol. 3, págs. 127-128).
Os resultados positivos de termos essas coisas morais em nossa vida são:
  • Seremos frutíferos em nossa vida Cristã (v. 8).
  • Seremos preservados de tropeçar no caminho (v. 10).
  • Teremos uma entrada ampla no reino (v. 11).

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