sábado, 4 de maio de 2019

MINISTRAR A PALAVRA (vs. 10-11)

MINISTRAR A PALAVRA (vs. 10-11) 

              Pedro então aborda o assunto de ministrar a Palavra entre os santos. Esta é outra coisa importante que deveríamos estar fazendo com o tempo que nos resta na Terra. Ele diz: “cada um de vós, segundo o dom que recebeu, comunicando-o [ministrando-o – JND] uns aos outros, como bons despenseiros das várias graças de Deus. Se alguém fala, fale como oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre como da força [habilidade – JND] que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a Quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos” (TB). A expressão “cada um” indica que a cada Cristão foi dado um dom espiritual para exercer (Mt 25:15; 1 Co 12:7; Ef 4:7) e, portanto, todos temos algo a fazer para Deus em Seu reino (Mc 13:34). Não há zangões na colmeia de Deus! Os tipos de dons que Pedro está focando aqui são aqueles que têm a ver com ministrar a Palavra – seja na pregação, ou ensino, ou na exortação prática (Rm 12:6-8a).
Pedro distingue “dom” e “habilidade”. A habilidade tem a ver com os poderes naturais de intelecto e personalidade de uma pessoa que são formados nela desde o nascimento; ao passo que um dom, no sentido em que é usado na Escritura, é algo espiritual dado a uma pessoa quando ela crê no evangelho e recebe o Espírito Santo. Aprendemos de Mateus 25:15 que quando o Senhor dá a um crente um dom espiritual, ele corresponde à capacidade natural da pessoa. O homem deu “talentos” aos seus servos (que correspondem a esses dons espirituais) “a cada um segundo a sua própria capacidade” (ARA). Vemos a sabedoria de Deus nisso. O Senhor não dá a uma pessoa um dom espiritual e o chama para um trabalho específico sem que essa pessoa tenha alguma habilidade natural para isso. Sua habilidade natural complementará seu dom espiritual “como uma mão se encaixa em uma luva”. Por exemplo, para uma pessoa com uma personalidade extrovertida poderia ser dado receber o dom de um evangelista, porque esse dom requer que a pessoa seja capaz de alcançar as pessoas e falar-lhes livremente, o que seria difícil para uma pessoa naturalmente reservada. Ou, uma pessoa com poderes intelectuais naturalmente aguçados poderia receber o dom de ensinar, o que requer uma mente organizada.
Comentando Mateus 25:15, W. Kelly disse: “Há duas coisas no servo – ambas de importância: Ele lhes deu dons, mas foi de acordo com suas várias habilidades. O Senhor não chama alguém para um serviço especial, sem que tenha a habilidade para a responsabilidade que lhe foi confiada. O servo deve ter certas qualificações naturais e adquiridas, além do poder do Espírito de Deus... É claro que há certas qualidades no servo, independentemente do dom que o Senhor coloca nele. Seus poderes naturais são o vaso que contém o dom e onde o dom deve ser exercido”. Lectures on the Gospel of Matthew, pág. 472).
Nota: não há uma sugestão aqui, nem em qualquer outro lugar na Escritura, de uma pessoa que tenha um dom para ministrar a Palavra, sendo treinada e ordenada em um seminário antes de exercer seu dom. A Bíblia ensina que se uma pessoa tem certo dom, a posse dele em si é a garantia de Deus para usá-lo. Pedro ensina isso nos versículos 10-11. Ele diz: Cada um administre aos outros o dom como o recebeu” (v. 10). Ele não diz: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu e seja treinado e ordenado por um seminário, e então ministre”. E novamente, ele diz: se alguém administrar, administre segundo o poder [habilidade] que Deus dá” (v. 11). Ele não diz: “Deixe-o ir à escola obter um certificado, e depois deixe-o falar na assembleia”. O apóstolo Paulo confirma isso: De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar” (Rm 12:6-8). Veja também 1 Coríntios 14:26. O que é requerido em ministrar a Palavra é falar segundo as palavras de Deus”. Isto é ministrar com um senso consciente de que estamos falando em nome de Deus, como Seus porta-vozes e, portanto, isso deve ser feito com precisão e reverência para representá-Lo apropriadamente.

Uma ideia equivocada em relação a dons que é comum na Cristandade hoje em dia é a ideia de que a capacidade natural de uma pessoa é o seu dom espiritual. Pessoas com talentos naturais (nos esportes, ou música, etc.) são encorajadas a perseguir essas coisas e a fazer delas sua carreira na vida, porque é seu dom, com que devem glorificar a Deus. Os chamados “cultos de adoração” são organizados para demonstrar o desempenho desses talentos naturais. No entanto, isso tende a promover a glória humana e a busca do louvor aos homens, em vez de trazer glória e louvor a Deus. Muitas vezes, os chamados “cultos da igreja” são reduzidos a não muito mais que um show de talentos. Tal atividade faz da Igreja uma instituição mundana. Na Escritura, os dons espirituais são para promover as coisas espirituais que ajudam os santos na “santíssima fé” (Judas 20). J. N. Darby disse: “É inteiramente falso o princípio que dons naturais são uma razão para usá-los. Posso ter surpreendente força ou velocidade para correr; com uma eu derrubo um homem e com a outra eu ganho um prêmio. Música pode ser a coisa mais refinada, mas o princípio é o mesmo. Este ponto eu creio ser da mais alta importância. Os Cristãos perderam sua influência moral admitindo a natureza e o mundo como inofensivos. Todas as coisas me são lícitas, mas como eu disse você não pode misturar carne e Espírito” (Letters, vol. 3, pág. 476).

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