quarta-feira, 1 de maio de 2019

A SALVAÇÃO DA ALMA (vs. 9-11)


A SALVAÇÃO DA ALMA (vs. 9-11)

             Pedro segue adiante para falar de outra bênção particular que os Cristãos têm que os santos nos tempos do Velho Testamento não tinham – a salvação de nossas almas. Ele diz: Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. Desta salvação inquiririam e indagaram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que para vós era destinada, indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo que estava neles indicava, ao predizer os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória [as glórias – TB] que se lhes havia de seguir”.  O “fim” de que Pedro fala aqui é o fim imediato do que a “fé” deles alcançou, ao crerem no Senhor Jesus Cristo – a saber, a “salvação” de suas “almas”. Assim, enquanto esperamos pela nossa salvação completa na vinda do Senhor, quando seremos libertos dos efeitos do pecado ao sermos glorificados (v. 5), os crentes, no presente, têm a salvação de suas almas (v. 9).
A salvação da alma é uma bênção Cristã do Novo Testamento, que resulta no crente tendo um conhecimento consciente de que ele foi liberto da pena de seus pecados por sua consciência ter sido purificada (Jo 5:24; Hb 9:14, 10:22). Parte integrante da salvação da alma é: redenção (Rm 3:24), perdão dos pecados (Rm 4:7), justificação (Rm 5:1) e reconciliação (Rm 5:10-11). Essas coisas são todas nossas por meio do recebimento de Cristo como nosso Salvador e são consequentes da obra de Cristo consumada na cruz. Essas bênçãos específicas, portanto, não poderiam ter sido possuídas por aqueles que viveram antes da cruz de Cristo.
Afirmar que os santos do Velho Testamento não tinham a salvação de suas almas, não significa que eles não foram para o céu. Eles eram realmente nascidos de Deus e foram abençoados em um relacionamento com o Senhor, de acordo com o modo como Ele Se revelou a eles. No entanto, o único tipo de salvação que eles conheciam era a salvação temporal, por meio de livramentos externos dos perigos e problemas (Êx 14:13; 2 Cr 20:17; Ne 9:27, etc.). Isto que Pedro estava falando era um novo tipo de salvação de caráter espiritual. Como mencionado, tem a ver com o crente saber e estar assegurado do fato de que seu bem-estar eterno está seguro. Isso resulta no crente tendo paz estabelecida em sua alma. Os santos do Velho Testamento não tinham esse conhecimento nem essa garantia. Eles viviam com um grau de incerteza quanto ao pena de seus pecados e temiam que Deus os levasse a julgamento em algum momento futuro (Sl 25:7, 51:9-11, etc.).
Pedro diz que essa salvação da alma que os crentes agora possuem foi profetizada muito antes, pelos profetas do Velho Testamento. Aprendemos em Gênesis 49:18 que havia uma “salvação” por vir que foi identificada com a vinda e obra do Messias. Os santos naqueles dias não entendiam o que era e como seria, mas simplesmente sabiam que a graça salvadora seria de alguma forma manifestada. Muitas outras passagens do Velho Testamento falam o mesmo (Sl 14:7, 67:2; Is 12:2-3, 25:9, 45:8, 49:6, 51:5-8, 52:7, 10, 56:1, etc.). Sob inspiração divina, os profetas escreveram sobre essa “graça” que viria aos crentes nos dias atuais (v. 10), mas eles não entenderam o que haviam escrito (v. 11). Eles “investigaram” (ARA) seus próprios escritos “diligentemente” e “inquiriram” (pesquisaram) sobre o que eram essas coisas e a quem elas se aplicavam. Foi-lhes “revelado” que essas coisas não eram para “si mesmos”, mas para santos de outro tempo e dispensação ainda por vir (v. 12a).
O “Espírito de Cristo” estava “em” profetas do Velho Testamento na época de sua escrita, e isso os tornou em veículos de Suas operações. Ele deu-lhes sentimentos e experiências que eram, na realidade, uma reprodução dos sentimentos de Cristo. Isto é, sentimentos que seriam plena e perfeitamente encontrados em Cristo quando Ele Se tornou um Homem e andou na Terra. (O “Espírito de Cristo” está trabalhando de forma similar atualmente, produzindo os sentimentos e compaixões de Cristo nos santos enquanto vivem e se movem nesta cena que está sob a servidão da corrupção. Portanto, com Ele padecemos ao vermos homens e animais sofrendo sob os efeitos do que o pecado causou na criação – Rm 8:9, 17).
Como mencionado na introdução, em cada uma dessas profecias, o Espírito de Cristo estava “anteriormente testificando” da bênção da salvação da alma que estaria conectada com “os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir”. Esses são dois grandes temas relativos ao Messias que percorrem todos os escritos proféticos do Velho Testamento. Há aquilo que pertence aos sofrimentos do Messias e aquilo que pertence ao Seu reinado na glória do Seu reino. A ordem em que essas coisas são encontradas na Escritura indica que Cristo primeiro sofreria, antes de entrar em Sua glória. Resultante da vinda do Espírito Santo e da consequente revelação da verdade que nos foi dada (Jd 3), sabemos que há cerca de 2.000 anos entre essas duas coisas, durante as quais Deus tem chamado para fora deste mundo aqueles que iriam compor a Igreja.
Os judeus permaneciam nas passagens que pertenciam as glórias do Messias e se deleitavam nelas. Eles liam aquelas passagens em suas festas anuais com grande entusiasmo. Mas, infelizmente, negligenciaram as passagens que falavam dos sofrimentos do Messias – por exemplo, Salmo 22; Salmo 69; Isaías 50:4-6, 53:1-12; Miquéias 5:1; Zacarias 13:7, etc. Essas Escrituras revelam que Cristo seria rejeitado por Seu próprio povo e seria “cortado” pela morte (Is 53:8; Dn 9:26 – JND). O Senhor apontou este desequilíbrio na mente dos judeus para os dois com quem ia para Emaús (Lc 24). Ele os repreendeu por não crerem tudo o que os profetas disseram a respeito do Messias. Eles, como os judeus em geral, tinham crido apenas nas partes da Escritura que pertenciam ao glorioso Messias, e isso os levou a conclusões equivocadas e desencorajadoras quando Ele foi rejeitado e crucificado. Para contrapor a isso, o Senhor explicou a partir das Escrituras que Ele deveria primeiro sofrer antes de entrar na glória do Seu reino (Lc 24:25-27). Pedro explica no capítulo mais tarde, que os sofrimentos e a morte do Senhor foram para nossa redenção e bênção eterna (vs. 18-19).
Vivemos hoje no tempo entre os sofrimentos de Cristo e Suas glórias vindouras, quando foi dado um relato completo da revelação Cristã da verdade. É um tempo de sofrimento e de . De sofrimento, porque estamos identificados com um Cristo rejeitado, e quando confessamos o Seu nome, compartilhamos Seus sofrimentos (martírio). De fé, porque ainda estamos em nossa jornada para casa, em que devemos andar por fé, e não por vista (2 Co 5:7).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Uma Publicação VERDADES VIVAS

O Livro impresso está  disponível  ➪   AQUI   O Livro eletrônico está disponível  ➪   AQUI Caso queria compartilhar este livro, segue o l...