sábado, 4 de maio de 2019

SERVOS DOMÉSTICOS (vs. 18-25)

SERVOS DOMÉSTICOS (vs. 18-25)

             O primeiro desses relacionamentos naturais é o servo doméstico. Pedro diz: Vós, servos domésticos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e gentis, mas também aos maus [mal humorado]. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis [suporta pacientemente], isso é agradável [aceitável] a Deus”. (Tradução W. Kelly). A palavra grega para “servos” aqui não é a palavra usual empregada no Novo Testamento, que é “escravos”. A palavra usada aqui se refere àqueles que eram servos, mas não necessariamente escravos.
Tendo abordado a necessidade de sujeição às autoridades governamentais nas terras em que vivemos (vs. 13-17), Pedro insiste em “sujeição” similar em casa (vs. 18-20). O grande ponto aqui é que o servo deve estar sujeito ao seu senhor, mas, ao mesmo tempo, ele deve manter uma boa consciência diante de Deus. Isso é particularmente desafiador quando o senhor é “mau” e pede ao servo para fazer algo moral e eticamente errado. Recusar-se a fazer algo mau muitas vezes levará o servo a sofrer “injustamente”. Pedro diz que não teríamos crédito algum ao sofrermos por termos feito algo errado. Mas se sofremos por nos recusarmos a fazer o mal “por causa da consciência”, isso glorifica a Deus e testemunha o fato de que temos algo (nossa fé em Cristo) pelo qual vale a pena sofrer. Houve muitos senhores que se converteram por meio de seus servos, por viverem com valores corretos em nome de Cristo.
Vivendo no mundo ocidental, onde senhores e servos em uma casa não são coisas costumeiras, podemos estar inclinados a pensar que esta passagem não tem aplicação para nós hoje. No entanto, quando somos empregados remunerados em alguma empresa, estamos, em princípio, na mesma posição que esses servos Cristãos. Durante as horas de nosso trabalho, prestamos nossos serviços à empresa que nos contratou e, ao fazê-lo, as ordens dadas aos servos aqui e em outros lugares no Novo Testamento têm uma aplicação prática para nós (Ef 6:5-8; Cl 3:22-25; 1 Tm 6:1). Da mesma forma, os empregadores que administram uma empresa e têm empregados, em princípio, estão na posição de senhores, e eles devem administrar suas empresas de uma maneira que honre ao Senhor (Ef 6:9; Cl 4:1; 1 Tm 6:2).
Vs. 21-25 – Para ajudar os servos a enfrentar essas circunstâncias difíceis no local de trabalho da maneira correta, Pedro apresenta duas coisas:
  • O exemplo da vida de Cristo (vs. 21-23).
  • O sacrifício da morte de Cristo (vs. 24-25).

 Quanto ao primeiro, ele diz: Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo [modelo], para que sigais as Suas pisadas. O Qual não cometeu pecado, nem na Sua boca se achou engano. O Qual, quando O injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-Se àqu’Ele que julga justamente”. A difícil circunstância de provação de trabalhar sob um senhor arrogante oferece ao servo uma oportunidade de ouro para mostrar as excelências (virtudes) de Cristo. Mas isso não é fácil de fazer quando sabemos que estamos sofrendo injustamente. Como um “modelo” para toda a conduta correta sob tais circunstâncias, Pedro nos aponta para Cristo, o Servo perfeito. Ninguém sofreu injustamente mais do que Ele, e ninguém nunca aceitou o sofrimento com um espírito tão maravilhoso de mansidão e graça! Servos que sofrem por injustiças no local de trabalho devem “seguir Suas pisadas” e o Seu “exemplo” de paciente submissão, quando têm de sofrer desta forma. O cenário desta exortação é o dos servos sofrendo em sua condição de vida, mas as palavras de encorajamento de Pedro aqui se aplicam a qualquer um que sofra injustamente.
Cristo sofreu, mas não pelos Seus próprios pecados, porque Ele não teve pecados. As escrituras dizem: O Qual não cometeu pecado” (v. 22), Ele não conheceu pecado” (2 Co 5:21) e n’Ele não há pecado” (1 Jo 3:5). Ainda assim, Ele sofreu pacientemente sob as falsas acusações que foram lançadas contra Ele. Quando foi falsamente acusado perante o Sinédrio (o conselho judaico), “guardava silêncio” (Mt 26:63), e então diante de Herodes, demonstrou o mesmo controle próprio – Ele nada lhe respondia”. (Lc 23:9). E, exerceu o mesmo controle próprio novamente diante de Pilatos – Ele nem uma palavra lhe respondeu” (Mt 27:12-14). Ele não fez nenhuma tentativa de defender a Si mesmo, ou de revidar. Pedro diz: quando O injuriavam” com palavras abusivas, Ele não injuriava, e quando padecia não ameaçava”. Não havia “engano” em Sua boca; Ele nunca disse uma palavra em um tom de voz errado! Em vez de justificar-Se, Ele entregava-Se àqu’Ele que julga justamente”, e assim, cumpriu Isaías 53:7 perfeitamente. A conduta do Senhor nos mostra como devemos nos comportar quando somos difamados e perseguidos por fazermos o que é correto diante de Deus. Aprendemos com isso que não devemos nos deixar envolver em brigas de palavras quando somos insultados, nem fazer ameaças para ficarmos quites.
Quanto à segunda coisa, Pedro diz: Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes sarados. Porque éreis como ovelhas desgarradas: mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas”. (vs. 24-25). Podemos nos perguntar por que ele mencionaria a obra de Cristo na cruz em que fez expiação, quando não nos é possível segui-Lo nesse tipo de sofrimento – somente Ele poderia fazer expiação pelos pecados. Mas, olhando mais de perto a passagem, veremos que Pedro não está nos pedindo para imitar o Senhor na expiação, mas sim para estarmos cientes do que Ele realizou na expiação. Seu sofrimento pelos pecados não é colocado diante de nós aqui como um modelo, mas como uma motivação para deixarmos de pecar. O raciocínio de Pedro é que, uma vez que Cristo sofreu tão profundamente para tirar nossos pecados, não podemos acertadamente continuar nessas coisas que tanto Lhe custaram. Continuar com esses pecados é uma insensível falta de consideração ao que Ele passou para tirá-los.
Colocando isso em contexto, ao respondermos de maneira carnal aos erros cometidos contra nós, estamos fazendo algo que custou um sofrimento imensurável ao Senhor! Como Deus pode aprovar isso? Toda essa ação carnal não é o modo de agir de Deus quando somos perseguidos, Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tg 1:20). A carne se sente justificada em pecar quando sabe que foi injustiçada, mas se verdadeiramente fomos “sarados” por Suas “feridas” (espiritualmente), não vamos querer responder às injustiças contra nós com uma demonstração pecaminosa de ira, nos queixando etc. Pedro afirma que o propósito da morte de Cristo é separar os crentes do curso dos pecados que eles uma vez seguiram (que é o que significa “mortos para os pecados”) para que possam “viver para a justiça”. Portanto, a única coisa certa a se fazer quando testados nessas situações difíceis é buscar a graça de Deus a fim de nos comportarmos de uma maneira que glorifique o Senhor (Tg 4:6).

O versículo 24 tem a ver com o que Cristo fez por nós no passado na cruz, mas o versículo 25 tem a ver com o que Ele está fazendo por nós no presente, cuidando e nos mantendo no caminho de fé. Seu olho está sempre sobre aqueles que Ele redimiu, cuidando deles com seu “Pastor” e “Bispo”. Como nosso Pastor, Ele nos alimenta com alimento espiritual (v. 2). Como nosso Bispo, Ele nos guia e nos protege dos ataques espirituais do inimigo (cap. 5:8). Se nos mantivermos perto d’Ele, seremos livrados das armadilhas do caminho (Dt 33:12). Antes que esses santos judeus fossem salvos, não tendo o Senhor para ajudá-los desta maneira prática, eles eram “desgarrados” nas trevas do judaísmo vazio, mas agora, tendo recebido a Cristo, eles estavam no caminho de fé sob Seu cuidado e proteção.

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