Os Anciãos
V. 1 – Uma coisa que se
destaca neste trabalho de pastorear o rebanho de Deus é que são os “presbíteros [anciãos – AIBB]” que são
ordenados a fazê-lo. A palavra “ancião” implica experiência e maturidade, que
são tão necessárias para este trabalho. Quando o conselho e o encorajamento vêm
de alguém que experimentou as vicissitudes e provações da vida Cristã, ele tem
peso moral com os santos e, como resultado,
estarão mais inclinados a recebê-lo. Desnecessário dizer que este
trabalho não é para um “neófito”.
Paulo adverte dos tais sendo levados pela importância própria e sendo “ensoberbecido” com orgulho e caindo “na condenação
do diabo” (1
Tm 3:6; Pv 16:18, 29:23; At 15:6). Um neófito é um novo convertido, mas isso
talvez possa incluir alguém que não amadureceu na fé como deveria, e,
consequentemente, é um “bebê” (Ec
10:16; 1 Co 3:1 – JND; Ef. 4:13-14 – JND; Hb 5:12-14 – JND).
Antes de exortar os anciãos
quanto às especificidades deste trabalho, Pedro menciona duas coisas que todo sub-pastor deve manter diante de si para que ele seja eficiente – “os sofrimentos de Cristo” (ARA) e “a glória que se há de revelar”. Pedro já referiu-se
a estas duas coisas algumas vezes na epístola, mas por diferentes razões. Aqui,
está em conexão com a manutenção dos anciãos em seu trabalho.
“Os sofrimentos
de Cristo” aqui não são os sofrimentos
expiatórios do Senhor, mas sim Seus sofrimentos de martírio, os quais todos
compartilhamos em certa medida, se servimos a Deus fielmente. Isto é colocado
diante dos anciãos como um modelo, porque, assim como quando o Senhor pastoreou
o rebanho de Deus em Seus dias e não foi apreciado, sendo rejeitado por todo o
bem que Ele fez (Zc 11:4-14; Jo 10:1-18), eles também encontrariam oposição
similar. Os sofrimentos do Senhor são o exemplo perfeito de como os anciãos
devem lidar com os equívocos e males que podem encontrar ao cuidar do rebanho.
Aqueles que fazem este trabalho precisam estar preparados para isso, porque
Satanás faz daqueles que pastoreiam o povo de Deus, um objeto especial de seus
ataques. No caso do Senhor, Satanás veio contra Ele no jardim do Getsêmani em
um ataque especial (Jo 14:30; “estando
em conflito” Lc 22:44 – JND, 53). Esse foi um esforço máximo para afastá-Lo
de fazer a vontade de Deus em ir para a cruz. Quando os judeus O prenderam e O
entregaram às autoridades romanas, Ele Se submeteu aos seus maus-tratos: “As
Minhas costas dou aos que Me
ferem, e as Minhas faces aos que Me
arrancam os cabelos” (Is 50:5-7). Ele não Se
defenderia, mas deixaria que Deus O justificasse em Seu devido tempo – o que
aconteceu em Sua ressurreição e ascensão (Is 50:8). Quando O crucificaram, Ele
“suportou a cruz” pacientemente e desprezou
a vergonha (Hb 12:2). Tal foi o exemplo perfeito do “bom Pastor” que deu Sua vida pelas ovelhas (Jo 10:11). Ele é o Modelo
para todos os que pastoreiam o povo de Deus.
“A glória
que se há de revelar” refere-se ao tempo em que Cristo vai Ser provado inocente publicamente em Sua
Aparição. Assim, o sub-pastor que faz o seu
trabalho com fidelidade, embora seja frequentemente pouco apreciado, naquele
dia será amplamente compensado em “glória”
(v. 4). O servo, portanto, deve manter seus olhos naquilo que está à frente;
isso o sustentará e dará motivação para continuar em serviço fiel.
O papel de um ancião/bispo
não é algo para o que os homens se nomeiam, nem é um ofício para o qual a
assembleia os designa. Pelo contrário, eles são levantados pelo Espírito Santo
para fazer este trabalho para o Senhor (At 20:28). Esses homens serão
conhecidos por suas qualificações morais e pelo trabalho que fazem. A
assembleia deve “reconhecê-los” (1
Co 16:15; 1 Ts 5:12), “estimá-los”
altamente (1 Ts 5:13), “honrá-los”
(1 Tm 5:17), “lembrar-se deles” (Hb
13:7a), “imitar” sua fé (Hb 13:7b), “obedecê-los” (Hb 13:17a), “sujeitar-se” a eles (Hb 13:17b) e “saudá-los” (Hb 13:24). Mas em nenhum
lugar na Escritura é dito à assembleia para escolhê-los e ordená-los! Isto é
simplesmente porque a assembleia não tem autoridade de Deus para fazê-lo. Ainda
assim, apesar desse fato, as igrejas Cristãs em toda parte escolhem e nomeiam
seus anciãos! Tal é a confusão que existe nas ruínas do testemunho Cristão.
Quando os anciãos eram escolhidos e ordenados na Escritura, eram sempre
escolhidos “para” uma assembleia por
um apóstolo (At 14:23 – Tradução W. Kelly). Ou por alguém delegado por um
apóstolo (Tt 1:5). Aqui está a sabedoria de Deus; isso impede que a assembleia
escolha líderes que favoreçam as inclinações do povo e, assim, tenha controle
sobre os que estão na supervisão.