ESPOSAS (cap. 3:1-6)
Pedro passa a tratar do casamento, supondo uma
situação em que a esposa é crente e o marido não. Ele mostra que por meio de um
viver quieto e piedoso ela pode testificar de Cristo e ganhar para Ele seu
marido. Ele diz: “Semelhantemente,
vós, mulheres sede sujeitas aos vossos próprios
maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte [maneira
de viver] de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; Considerando a vossa vida
casta [maneira de viver], em temor” (vs.
1-2).
É extremamente difícil para
um crente estar unido a um incrédulo no casamento. Ninguém deveria entrar
voluntariamente em tal união; seria pura desobediência (2 Co 6:14). Pedro não
está falando sobre isso aqui, mas de uma situação em que o evangelho alcançou
dois incrédulos em um casamento, e um (a esposa) é salvo. Deus pode usar as
dificuldades de um jugo desigual no casamento como uma disciplina para aquele
que voluntariamente entrou nessa união não bíblica, mas no caso em que Pedro
está falando, Ele dará graça para enfrentar a situação. Quando tal caso existe
é necessária muita sabedoria por parte do cônjuge crente. A resposta não é o
divórcio, mas permanecer nesse chamado e nele ser um brilhante testemunho de
Cristo (1 Co 7:13-16).
A linha de pensamento de
Pedro aqui é simples; já que o marido rejeita a Palavra, a esposa deve
conquistá-lo “sem Palavra” – isto é,
sem pregar para ele. Ela deve manifestar o caráter de Cristo, e com o tempo, o
Espírito de Deus irá usar isso para convertê-lo e ganhá-lo para Cristo (Pv
11:30). Isso mostra que as ações geralmente falam mais alto que palavras. A
ideia de uma mulher se submeter a um homem é repugnante na sociedade de hoje,
mas é princípio de Deus para bênção e cura num casamento. Tal é o poder de um
espírito quieto e submisso com o qual Deus Se identifica e abençoa. Por outro
lado, uma mulher forte e dominadora frequentemente levará seu marido incrédulo
para longe de Cristo.
Pedro acrescenta: “O
enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de
ouro, na compostura de vestidos; Mas o homem encoberto no coração; no
incorruptível trajo de um
espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (vs. 3-4). Isso mostra que a beleza que a esposa deve ter é uma
coisa moral interior, em vez de uma demonstração externa de adorno mundano. O
ponto aqui é que não será sua aparência exterior em cabelos e vestuário que vai ganhar seu marido para o Senhor, mas sua vida
interior de santidade e submissão. Roupas ornamentadas e penteados tendem a
atrair a atenção para a pessoa e não para Cristo. O Espírito de Deus não Se
identificará com o mundanismo em uma esposa, mas Se identificará com sua
piedade e a usará para converter seu marido incrédulo. Pedro não está
encorajando desleixo no vestir das mulheres; não há virtude nisso. O que ele
está dizendo é que Deus aprecia “um espírito manso e quieto”, e é com isso que
toda mulher Cristã deveria se preocupar.
Pedro então aponta para o
caráter das mulheres santas nos tempos do Velho Testamento. Elas não tinham
Cristo diante delas como um motivo, como as mulheres Cristãs têm hoje, mas elas
mostraram um espírito de submissão aos seus maridos, o que é louvável. Ele diz:
“Porque
assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus,
e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; Como Sara obedecia a Abraão,
chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo
nenhum espanto”. Sara “obedecia” a
Abraão, e Pedro coloca seu exemplo diante de nós como modelo para as esposas
Cristãs. O apóstolo Paulo eleva o casamento Cristão a um plano mais elevado, de
acordo com a revelação do mistério que foi confiado a ele. O modelo que ele
coloca diante de nós não é o de Abraão e Sara, mas de “Cristo e da Igreja” (Ef 5:32). Da mesma forma,
Paulo diz aos filhos e servos da casa para “obedecerem”
(Ef 6:1, 5), mas as esposas, tendo um relacionamento
diferente com o cabeça da casa, devem “sujeitar-se”
(Ef 5:22; Cl 3:18). A submissão é um pouco diferente de obediência, tendo mais
a ver com a atitude do coração e da vontade. Quanto à obediência, alguém
poderia até obedecer, mas não ter seu coração comprometido de forma nenhuma.
Exigir obediência da esposa reduz o casamento Cristão a um arranjo legal, e
isso estraga a imagem que deveria exibir Cristo e a Igreja.
Sara se referiu a Abraão
como “senhor”. Pedro não está
sugerindo que as mulheres Cristãs devam literalmente chamar seus maridos de
“senhor” quando falam com eles. Sara disse “consigo”
(Gn 18:12); assim, foi a atitude de seu coração em dar a Abraão seu lugar de
direito como cabeça da família. Ela é o exemplo para todas as “santas mulheres”. As esposas Cristãs
que seguem seu exemplo são moralmente suas “filhas”.
O testemunho Cristão precisa de mulheres santas hoje mais do que nunca.