terça-feira, 2 de junho de 2020

O Perigo dos Falsos Mestres Desencaminhando Pessoas

V. 1 – Tendo estabelecido, no capítulo 1, o caminho de Deus para ser guardado nos tempos em que a confusão e a corrupção entram no testemunho Cristão, no capítulo 2, Pedro explica como esse estado deplorável de coisas viria a existir. Ele diz: E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição [destrutivas], e negarão o Senhor que os resgatou [o Mestre que os comprou – JND], trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Assim, o mal entraria na profissão Cristã por meio de líderes se desviando e ensinando “coisas pervertidas” (ARA) que levariam “discípulos” após si mesmos (At 20:30; Rm 16:18; 2 Tm 2:16-18; 1 Jo 2:19).
No final do primeiro capítulo, Pedro fez referência a homens santos de Deus nos tempos do Velho Testamento, sendo movidos pelo Espírito para comunicar a verdade, mas neste capítulo, ele nos diz que nem todos os que falavam como um profeta naqueles dias eram movidos pelo Espírito Santo. Alguns eram “falsos profetas” que se disfarçavam como mensageiros de Deus e faziam a obra do inimigo “entre o povo” (1 Rs 18:19, 22:6; 2 Rs 10:19; Jr 28:10-17, 29:30-32, etc.). Pedro diz que seria exatamente o mesmo no Cristianismo; a corrupção entraria por meio de homens maus empenhados em sua trajetória para alcançar posições de influência, e então, usando sua influência para introduzir o mal. Assim, o abandono indiscriminado de Deus que caracterizaria a massa na profissão Cristã nos últimos dias, viria por meio de líderes corrompidos.
O fato de ele dizer que esses “falsos doutores” se levantariam “entre vós” mostra que essa corrupção não viria dos que estão de fora da profissão Cristã, que rejeitam o evangelho, mas daqueles que estão dentro do testemunho Cristão, que receberam o evangelho de forma professa! Ele diz que esses homens fariam seu trabalho “encobertamente” – ou “secretamente”, como muitas traduções o fazem. Isso significa que eles usariam dissimulação e engano para alcançar seus objetivos. Pedro não nos ocupa com os detalhes de suas más doutrinas – tal ocupação seria inútil e contaminante –, mas adverte os santos de que isso estava chegando. Em retrospecto, sabemos que isso é exatamente o que aconteceu.
Pedro diz que esses obreiros malignos conduziriam seus seguidores a “heresias destrutivas”. A heresia é uma divisão exterior no testemunho Cristão, onde uma parte se separa de outra como uma companhia distinta. Esses grupos geralmente adotam um nome religioso para se distinguirem e terão suas próprias regras e regulamentos para governar as pessoas envolvidas neles. Assim, “heresia” é a criação de uma “seita” entre os Cristãos, e é traduzida como tal em 1 Coríntios 11:19 na tradução J. N. Darby. É um mal que emana da carne – a natureza caída pecaminosa (Gl 5:20). Na Escritura, isso é aplicado às divisões que se desenvolveram na religião dos judeus (At 5:17, 15:5, 24:5, 26:5) e divisões que se desenvolveriam no Cristianismo (1 Co 11:19; Gl 5:20; 2 Pe 2:1). Uma pessoa que cria uma divisão exterior desse tipo entre os Cristãos, é um “herege” (Tt 3:10).
Heresia é comumente vista como uma má doutrina e foi popularizada como tal pela igreja católica romana. Historicamente, esse sistema rotulou como hereges todos que não guardavam suas doutrinas. Os que ensinam sobre a Bíblia às vezes usam o termo dessa maneira, em referência a erro doutrinário, mas estão falando convencionalmente. Heresia, quanto ao seu significado e uso bíblico, não necessariamente envolve má doutrina. G. V. Wigram nos diz que o pior e mais difícil tipo de heresia a ser tratado não é aquele que envolve má doutrina, mas o espírito de partidarismo e de divisão, está lá (Memorials of the Ministry of G. V. Wigram, vol. 2, pág. 91). A heresia tornou-se sinônimo de má doutrina na mente da maioria dos Cristãos, porque os hereges geralmente formam sua seita em torno de má doutrina.
Pedro diz que esses homens hereges negarão o Senhor [Mestre] que os resgatou [comprou], trazendo sobre si mesmos repentina perdição. Alguns pensam que isso significa que esses homens foram uma vez salvos, mas porque negaram o Senhor, perderam a salvação de sua alma, e, como tal, serão julgados juntamente com todo o resto do mundo que rejeitar o evangelho. No entanto, isso não é o que Pedro está dizendo; tal noção nega a segurança eterna do crente – uma doutrina a qual a Escritura ensina claramente (Lc 15:3-6; Jo 6:37-40, 10:28-29; Rm 8:30-39; 1 Co 1:7-8; Fp 1:6; Hb 13:5; 1 Pe 1:5, etc.). Mesmo que esses homens assumam um papel de liderança entre o povo de Deus como doutores, eles não serão verdadeiros crentes (Mt 7:21-23). Sendo impostores, eles dizem que Cristo é seu “Mestre”, mas não o seu Senhor e Salvador (Veja também Judas 4). Tal classe de homens são as pessoas mais responsáveis na Terra, porque conhecem o evangelho e professam ter nele crido, mas não são verdadeiros. Visto que esses homens se apresentarão como doutores e transitarão entre a verdade Cristã (a maior luz que Deus já deu ao homem) com um propósito de promover suas próprias ambições carnais, seu juízo será o maior de todos (Lc 12:47-48).
Pensar que este versículo está ensinando que esses homens perderam a salvação da alma denuncia uma ignorância da diferença bíblica entre “comprado” e “redimido”. Comprado se refere ao que Cristo fez na cruz para comprar todas as pessoas e todas as coisas no mundo. Ele provou a morte por “todas as coisas” e assim pagou o preço para ser o Mestre de tudo (Hb 2:9 – JND). Como o Senhor indicou em uma parábola em Mateus 13, Ele comprou “o campo”, que, como Ele explica, é o mundo todo e todos os que nele existem (Mt 13:38, 44). Isso não significa que todos os homens são salvos, mas que todos pertencem a Ele. Comprado indica que houve uma mudança de propriedade (uma mudança de senhores), mas não necessariamente uma mudança na condição perdida de uma pessoa. Redimido vai além do comprado para incluir ser libertado. Esta é uma bênção que é introduzida pela fé no seu sangue (Rm 3:24-25). Isto é, todos os que em fé confirmam que Cristo na cruz os comprou, são consequentemente redimidos e, como tais, são libertados da pena e do julgamento de seus pecados (Ef 1:7; 1 Pe 1:18-19). Esses falsos doutores de que Pedro fala aqui, foram “comprados”, mas não diz que foram “redimidos” porque negaram aqu’Ele que fez a compra.

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