domingo, 5 de maio de 2019

O Trabalho dos Anciãos

O Trabalho dos Anciãos

Vs. 2-3 — Pedro menciona três coisas que os anciãos[1] devem fazer:

PASTOREAR O REBANHO (v. 2a) – A primeira coisa era Apascentar o rebanho de Deus”. Ao exortar os anciãos (Pedro se inclui como um deles), é claro que ele nunca esqueceu o que o Senhor lhe disse: “Apascenta as Minhas ovelhas” (Jo 21:16). Sabendo que havia uma grande necessidade desse trabalho entre os santos, ele exortou esses anciãos a se empenharem nesse trabalho de amor. É triste dizer que isso não foi seguido na história da Igreja. A ruína do testemunho Cristão que existe hoje pode ser atribuída em grande parte aos anciãos que se desviaram e não fizeram o seu trabalho com fidelidade (At 20:29-30; 3 Jo 9-10; Ap 2-3 – “o anjo”). Podemos afirmar que a necessidade de pastorear o povo de Deus é hoje maior do que nunca. Que o Senhor levante muitos desses pastores.
A versão King James esta frase: “Alimente o rebanho de Deus”, mas “alimentar” é muito restritivo. Apascentar é mais do que alimentar – dando aos santos alimento espiritual (ensinando). Isso inclui alimentá-los, mas também envolve guiá-los, aconselhá-los, visitá-los e ajudá-los em seus problemas e necessidades temporais. Tendo adquirido experiência no caminho da fé, os anciãos devem compartilhar sua sabedoria aos santos com o objetivo de ajudá-los a seguir juntos espiritualmente, e, em paz. Este trabalho requer discernir “o estado” do rebanho, de modo a ministrar adequadamente às suas necessidades (Pv 27:23).

EXERCER SUPERVISÃO PARA O BEM DO REBANHO (v. 2b) – A segunda coisa é tendo cuidado dele”. Isso se refere principalmente às responsabilidades administrativas em uma assembleia local. Apascentar o rebanho pode ser feito em qualquer lugar onde os santos são encontrados, mas a supervisão administrativa é puramente um trabalho local. Isto é, deve ser realizado na assembleia na localidade onde os anciãos vivem. Eles devem assumir a liderança em assuntos espirituais envolvendo recepção, disciplina, etc.
Este é um trabalho que os anciãos devem fazer “voluntariamente”, não por “força”. Portanto, não é para ser realizado no sentido de uma obrigação, mas de algo feito para o Senhor, e motivado pelo amor e compaixão pelos santos. Também não deve ser feito por “torpe ganância” financeira, embora eles possam às vezes receber ajuda monetária da assembleia (1 Tm 5:17-18). Assim, eles deviam alimentar o rebanho, não tosquiá-lo!

SER EXEMPLO PARA O REBANHO (v. 3) – A terceira coisa é que os anciãos devem servir de exemplo [modelo] para o rebanho” em caráter moral. Os santos precisam aprender a verdade, o que Deus faz por meio de mestres dotados (1 Co 12:28; Ef 4:11), e se necessário, por meio dos anciãos (Tt 1:9). Mas aos santos também é preciso mostrar-lhes a verdade na prática. Os anciãos, portanto, devem assumir a liderança e demonstrar a conduta Cristã adequada perante os santos e, assim, dar-lhes um exemplo a seguir. O apóstolo Paulo disse: “jamais deixando de vos anunciar... Tenho-vos mostrado... (At 20:20, 35).
Pedro adverte os anciãos do perigo de “dominar” o rebanho e tratá-lo como sua “herança”. A nota de rodapé da Tradução J. N. Darby diz: “Vendo os santos como algo que pertence a você… o rebanho não era para ser tratado como 'possessão’ dos anciãos”. Os anciãos devem sempre ter em mente que é “o rebanho de Deus que eles estão pastoreando. O rebanho é de Deus; não deles. Enquanto os clérigos (os chamados pastores e ministros da Cristandade) frequentemente falam de uma congregação de Cristãos como “seu” rebanho, a Escritura não diz nada sobre um sub-pastor tendo tal posição. Não há nenhuma sugestão aqui, nem em qualquer outro lugar na Escritura, de uma ordem clerical governando arbitrariamente sobre os leigos. O ponto simples de Pedro aqui é que os anciãos não devem governar os santos de maneira dominadora. Os anciãos devem ser respeitados, mas não devem exigir esse respeito; eles devem ganhá-lo.
Na Escritura, quando o trabalho dos anciãos está em vista, eles são sempre mencionados no plural (At 20:28; 1 Tm 5:17-18, etc.). (Quando suas qualificações morais estão em vista, elas estão no singular – 1 Tm 3:1-8; Tt 1:6-9, etc.) Isso ocorre porque quando há vários homens envolvidos no trabalho em uma localidade, eles podem ser verificadores e ponderadores uns dos outros. Assim, há uma maior imunidade contra um homem que se levanta e leva os santos atrás de si na direção errada. Um único homem presidindo sobre os santos não é bíblico e é potencialmente perigoso. Como mencionado, ele poderia se deixar levar por sua importância própria e causar danos ao rebanho. Este foi o caso de Diótrefes (3 Jo 9-10). Além de ser cheio de compaixão e sacrifício próprio – como visto no bom Pastor (Mt 9:36; Mc 6:34; At 20:35) – um pastor deve ser humilde (v. 5).
V. 4 – Para o encorajamento de todos que realizam este trabalho, que às vezes pode ser um trabalho ingrato, Pedro lembra-lhes que o desempenho fiel deste serviço terá a sua feliz recompensa. Ele diz: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória”. O pastorear, feito à maneira de Deus, não levará ninguém ao destaque hoje em dia – ele é em geral um trabalho silencioso feito entre os santos em um nível pessoal. Mas a sua recompensa num dia vindouro certamente será algo público. A afirmação de Pedro aqui parece estar dizendo que as recompensas (coroas) serão recebidas pelos santos na Aparição de Cristo, mas a Escritura ensina claramente que as recompensas pelo serviço fiel serão dadas no tribunal de Cristo, que ocorrerá após os santos serem levados para o céu no Arrebatamento (Mt 25:19-23; Lc 19:15-19; 1 Co 4:5; Ap 4:4 – os santos têm suas “coroas” antes do início das aflições da tribulação). Pedro certamente não estaria contradizendo isso; portanto, ele deve estar se referindo à manifestação pública de nossas recompensas em “glória”, que ocorre na Aparição de Cristo e durante Seu reinado no reino milenar, naquilo que é chamado de “o dia de Cristo” (Fp 1:6, 10; 2:16, etc.).



[1] N. do T.: O Novo Testamento usa três palavras gregas para identificar a pessoa que faz essa obra de cuidado: ancião (presbuteroi), bispo (episkopoi) e pastores ou guias (hegoumenos). Não são três posições diferentes na assembleia, mas sim três aspectos de um mesmo trabalho que esses homens fazem.

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