quarta-feira, 1 de maio de 2019

FILHOS (cap. 1:14-21)


FILHOS (cap. 1:14-21)

           Pedro começa dirigindo-se a eles como “filhos” na família de Deus. Ele diz: Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; Mas, como é Santo aqu’Ele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu Sou santo” (vs. 14-16). Este era um relacionamento com Deus que eles não tinham antes de serem salvos. Antes de crerem no evangelho, eles eram filhos de Israel, mas agora, tendo recebido a Cristo, eles eram “filhos de Deus” (Jo 1:12). O apóstolo João nos pede que consideremos esta grande bênção e privilégio: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus (1 Jo 3:1 – ACF).
Pedro então lhes enfatiza que na família de Deus o aumento de privilégios traz aumento de responsabilidades. No caso deles, se fosse para serem achados em um relacionamento com Deus como Seus filhos, eles teriam de andar em santidade, pois Deus é santo. Por isso, “as concupiscências que antes havia em vossa ignorância, às quais antes eram “conformados”, deveriam ser deixadas imediatamente. Como filhos em relação a Deus, nosso Pai, devemos ser marcados pela obediência. O caráter dessa obediência foi demonstrado na vida do próprio Senhor quando Ele andou aqui (Jo 8:29). Ela foi motivada pelo amor (Jo 14:31, 15:10), em vez de ser uma obrigação legal. Assim, devemos obedecer como Cristo obedeceu – “de coração” (Rm 6:17).
Nos versículos 17 a 20, Pedro apresenta dois motivos fortes para andarmos em santidade. Um tem a ver com nossas consciências e o outro diz respeito aos nossos corações. Em todos os momentos, devemos ser:
  • Conscientes do fato de que poderíamos desagradar nosso Pai e incorrer em Seu juízo governamental (v. 17).
  • Conscientes do fato de termos sido redimidos por um grande preço – o precioso sangue de Cristo – e, assim, nossas vidas não são mais nossas (vs. 18-20).

Quanto ao primeiro deles, Pedro diz: E, se invocais por Pai aqu’Ele que sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (v. 17). Isso mostra que, se seguirmos descuidadamente com falta de santidade, isso fará com que nosso Pai aja, e em fidelidade Ele exercerá juízo em nossas vidas (na forma de correção disciplinar) para nos corrigir. Podemos perguntar: “Deus realmente julga Seus filhos?” Esse versículo mostra claramente que sim. Mas, como indicamos na Introdução, este é o juízo governamental, que pertence apenas à nossa vida na Terra. Não tem nada a ver com a nossa posição diante de Deus em Cristo, que está eternamente segura. O julgamento governamental na família de Deus tem a ver com as relações de um Pai amoroso corrigindo Seus filhos. Ele age nos bastidores de nossas vidas de uma maneira negativa, frustrando nossos propósitos e planos a fim de nos deter em nossa desobediência. Ele permitirá que dificuldades nos toquem na forma de problemas, tristezas, doenças, etc., tudo com o objetivo de produzir arrependimento. Quando há genuíno arrependimento nosso, Deus frequentemente exercitará o perdão governamental e retirará a disciplina que Sua mão colocou sobre nós (Mt 18:26-27; Lc 7:48; Jo 5:14; Tg 5:15; Sl 103:10-11, 130:3-4).
O “temor” que Pedro diz que devemos ter não é o medo de perder nossa salvação e nosso relacionamento com Deus como nosso Pai. Se falharmos na santidade, nosso relacionamento com Deus não muda, mas isso pode trazer Sua mão sobre nós para correção. O temor de que Pedro está falando aqui é um temor reverente – um respeito saudável pela fidelidade de Deus em corrigir Seus filhos, se necessário (Hb 12:5-11). Pedro diz que o Pai julga “sem acepção de pessoas”. Isso significa que Deus não tem favoritos em Sua família. Nenhum de seus filhos pode viver de maneira descuidada e não sentir, de alguma forma, Sua mão o corrigindo (Hb 12:6-7).
O segundo motivo para andarmos em santidade é o grande custo de nossa redenção. Pedro diz: Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado (vs. 18-19). Fomos redimidos a um alto preço e, como resultado, o Senhor tem uma reivindicação sobre nossas vidas. Devido ao que realizou no Calvário, agora pertencemos a Ele; nossas vidas são d’Ele para usar da maneira que Ele escolher. O apóstolo Paulo disse: Não sois de vós mesmos, porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo(1 Co 6:19-20). Quando pensamos no preço que Ele pagou para nos redimir, deveríamos entregar nossas vidas a Ele com prazer.
Eu amo ter, Senhor Jesus
Tuas reivindicações divinas sobre mim;
Comprado com o Teu sangue mais precioso,
De Quem posso ser, senão Teu?
                                                  L.F. #16 App

Em vista do Calvário, a lógica racional é: “Como posso continuar vivendo uma vida sem santidade quando Cristo pagou um preço tão alto para me libertar de tudo isso? Deste dia em diante, reconhecerei a autoridade de Seu Senhorio em minha vida e, com Sua ajuda, farei as coisas que O agradam e glorificam”.
Para salientar em nossos corações o valor da grande obra de Cristo na cruz, Pedro contrasta o dinheiro da redenção que Israel pagou no passado, com o preço que Cristo pagou para nos redimir. Os filhos de Israel que tinham mais de vinte anos de idade deveriam dar a metade de um siclo de “prata” como um “resgate” por suas almas (Êx 30:11-16, 38:25-26). Eles também deram “ouro” para fazer “propiciação” (Nm 31:48-54). Em contraste com isso, o sacrifício de Cristo como o “Cordeiro” de Deus era de valor infinito. Ele deu a SI MESMO como um resgate pelas nossas almas! (Gl 1:4, 2:20; Ef 5:2, 25; 1 Tm 2:6: Tt 2:14). Portanto, Sua Pessoa (cap. 2:7) e Sua obra, representada por Seu sangue (cap. 1:19), são ambos “preciosos” para os santos. O efeito prático que isso tem sobre nós é que queremos fazer coisas que O agradem (Sl 116:12). Neste contexto, é viver uma vida santa. Como o supremo e perfeito sacrifício pelo pecado, Cristo foi “imaculado” interiormente (1 Jo 3:4) e “incontaminado”exteriormente (1 Pe 2:22). Veja Números 19:2.
Para que ninguém pense que a entrada do pecado atrapalhou o plano de Deus de abençoar o homem, Pedro mostra que a redenção não foi uma ideia posterior de Deus. Ele diz: O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós (v. 20). Assim, Deus antecipou totalmente a queda do homem e suas consequências, e pré-ordenou que Cristo fosse enviado ao mundo como o grande Redentor nos últimos dias de Israel. Os “últimos tempos” de que Pedro fala é em relação ao tratamento de Deus com Israel; não deve ser confundido com os “últimos dias” do testemunho Cristão, nos quais estamos hoje (2 Tm 3:1). O ciclo das setenta semanas de Daniel, que terminará com a restauração e bênção de Israel (Dn 9:24-27) foi interrompido entre a 69ª e a 70ª semana, quando os judeus rejeitaram seu “Messias”. O Novo Testamento ensina que durante essa suspensão Deus direcionou Sua energia para chamar a Igreja, que é uma companhia especial de pessoas abençoadas distintas de Israel, que tem um destino celestial com Cristo como Seu corpo e noiva, quando Ele reinará em Seu reino milenar. Assim, o período da Igreja de quase 2.000 anos veio como um parêntese entre a 69ª e a 70ª semana (Rm 11:11-32). Pulando este período presente, vemos que a profecia de Daniel indica que Cristo, o Messias, seria “cortado” pela morte sete anos (uma semana – Gn 29:27; Nm 14:34; Ezl 4:6) antes que as promessas de Deus  relativas à restauração e bênção de Israel fossem cumpridas (Dn 9:24 – JND). Assim, Ele morreu nos últimos tempos de Israel.
A culminação da obra redentora de Cristo não é a cruz e a sepultura, mas o que Deus assegurou ressuscitando-O dentre mortos e dando-Lhe glória. Este é a garantia de Deus de que Ele completará o propósito que tinha para nossa bênção em nossa glorificação. Portanto, Pedro diz: E por Ele credes em Deus, que O ressuscitou dos mortos e Lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus (v. 21).


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