domingo, 7 de abril de 2019

A OBEDIÊNCIA DE FÉ


A OBEDIÊNCIA DE FÉ

                Até agora, Pedro abordou o lado soberano das coisas na eleição de Deus, o Pai, e na santificação do Espírito Santo; agora chegamos ao outro lado – a responsabilidade do homem de crer no evangelho. Isso resulta de sendo aspergido com o sangue de Cristo e sendo salvo. Por isso, Pedro avança e declara um terceiro elo nesta série “obediência”. Esta é uma referência à “obediência de fé” que toda pessoa deve ter para receber a bênção da salvação (Rm 1:5 – JND, 6:17, 10:16, 15:18, 16:26; 2 Ts 1:8; 1 Pe 1:22, 4:17).
Pedro diz: Para a obediência” (cap. 1:2), porque a obra santificadora do Espírito no novo nascimento resultará na obediência da pessoa obedecendo ao evangelho e sendo salva. A obediência de fé é a resposta apropriada em alguém que foi trabalhado por Deus. Mas essa obediência não é meramente obedecer ao chamado do evangelho. Ela começa aí – e é por isso que Pedro coloca “obediência” antes da aspersão do sangue de Jesus Cristo – mas também inclui uma vida de obediência depois que a pessoa é salva. Nota: ele diz que essa obediência é “de” Jesus Cristo – e não “para” Jesus Cristo como muitas traduções modernas equivocadamente a traduzem. Quer dizer, o tipo de obediência que deve ser visto no crente é a do caráter da obediência do próprio Senhor quando Ele andou aqui neste mundo. Assim, somos separados para obedecer como Cristo obedeceu.
Para esses judeus convertidos, esse era um novo tipo de obediência. A obediência com a qual estavam familiarizados na velha economia (dispensação) era algo legal, ordenado à nação de Israel no Sinai. A obediência Cristã, da qual Pedro fala aqui, é uma obediência que vem de um coração que tem sido conquistado pelo amor de Deus (Jo 14:15; 1 Jo 4:19; 5:1-3).

A SANTIFICAÇÃO DO ESPÍRITO


A SANTIFICAÇÃO DO ESPÍRITO

           Em segundo lugar, na salvação de cada pessoa existe a obra santificadora do Espírito Santo em separar aqueles a quem Deus escolheu, transmitindo-lhes a vida divina por meio do novo nascimento. Esta é uma obra do Espírito em uma pessoa antes de ela ser purificada pelo sangue de Cristo e ser salva. É uma ação soberana de Deus que resulta nos eleitos serem capacitados a ouvir e crer no evangelho. Sem essa obra inicial nos homens, ninguém seria salvo. Assim, na eternidade passada Deus nos escolheu para bênção, e chegou um momento em nossa vida quando Deus agiu pelo Espírito e nos transmitiu vida por meio de Seu poder vivificador (Ef 2:5; Cl 2:13). Comunicar a vida divina aos eleitos os separa (o significado da santificação) da massa da humanidade que se encaminha para uma eternidade perdida.
A “santificação do Espírito” não é o aspecto prático da santificação, em que o crente aperfeiçoa a santidade em sua vida removendo coisas que são inconsistentes com a santidade de Deus (2 Co 7:1; 1 Ts 4:4-7; 5:23; 1 Pe 1:16). A ordem em que a verdade é apresentada aqui mostra claramente que a santificação prática não está em vista. A santificação prática resulta da pessoa ser aspergida com o sangue de Cristo e ser salva; aqui, a santificação precede a salvação. Assim, é a obra preliminar de Deus nas almas antes de serem salvas, pelo que são separadas para bênção por serem vivificacadas. Hamilton Smith disse: “A santificação do Espírito é uma verdadeira operação do Espírito Santo em nós, pela qual nascemos do Espírito, que nos transmite uma nova vida e natureza” (The Epistles of Peter, pág. 5). W. Kelly disse: “Há uma verdadeira e a mais vital santificação para Deus que acompanha a primeira vivificação [inicial] da alma quando nascemos da água e do Espírito e somos purificados de nossa impureza natural por Seu poder vivificador, antes que desfrutemos o bendito sentimento de Deus, nos justificando pela fé em Jesus e em Sua obra” (The Epistles of Peter, pág. 14). F. B. Hole disse: “Sua escolha se torna efetiva ‘por meio da santificação do Espírito’. A ideia central de santificação é a separação para Deus, e o Espírito Santo é aqu’Ele que, por sua obra interior de conceder vida, separa aquele que é o objeto dela” (Epistles, vol. 3, pág. 98).
A maioria dos Cristãos nunca ouviu falar dessa ação preliminar do Espírito nas almas, que é o novo nascimento, antes da pessoa ser salva pela fé na obra consumada de Cristo. Eles pensam que o novo nascimento e a salvação da alma são apenas uma e mesma coisa. Se perguntados, provavelmente diriam que uma pessoa nasce de novo quando crê no Senhor Jesus Cristo. No entanto, isso é “colocar o carro adiante dos bois”. A verdade é que a pessoa não crê no Senhor Jesus para nascer de novo, mas sim, ela crê porque nasceu de novo (Jo 1:12-13; 1 Jo 5:1). Quanto à ordem dessas coisas, Deus age antes e soberanamente em uma pessoa por meio da obra santificadora do Espírito em um novo nascimento, pelo qual ela recebe vida e fé para crer no evangelho (Ef 2:5, 8). Assim, o novo nascimento não é o resultado de uma pessoa se voltando para Deus e crendo no Senhor Jesus Cristo, mas é o resultado de Deus comunicando soberanamente vida divina à sua alma. Isso é o que possibilita que a pessoa se volte para Deus em arrependimento e creia no Senhor Jesus para a salvação. Comentando sobre esse mal-entendido, J. N. Darby disse: “Não devemos confundir a salvação manifestada e ser nascido de Deus” (Letters, vol. 3, pág. 118). Ele também disse: “A Igreja perdeu o pensamento de ser salva. As pessoas pensam que é suficiente nascer de novo” (Collected Writings, vol. 28, pág. 368).
Há várias passagens bíblicas que mostram que a obra santificadora do Espírito no novo nascimento na pessoa precede sua crença em Cristo para a salvação de sua alma. As referências a seguir confirmam isso:
João 1:12-13 – Aqueles que “creem no Seu nome” são os “quais foram” (KJV) (anteriormente) nascidos de Deus.
João 3:3-8, 14-17 – Com relação à ordem da obra de Deus nas almas, o Senhor falou de “nascer de novo” pela Palavra de Deus e do Espírito de Deus antes de falar de ser “salvo” por crer no Filho de Deus.
João 5:21, 24 – O Senhor falou da obra de Deus vivificando almas antes de falar sobre crerem n’Ele para a vida eterna.
João 6:44-47 – O Senhor falou de Seu Pai atraindo pessoas, o que é o efeito de nascer de novo, antes de falar de pessoas  crendo n’Ele.
Efésios 2:1-5, 8 – Descrevendo a atividade do amor e da misericórdia de Deus para conosco, Paulo primeiro se referiu à Sua obra de vivificar as almas, e então passou a falar daqueles a quem Deus havia vivificado sendo “salvos pela graça” por meio da fé.
2 Tessalonicenses 2:13-14 – Paulo falou da “santificação do Espírito”, que é o resultado de um novo nascimento, antes de a pessoa crer na verdade do evangelho.
1 Pedro 1:22-23 – A purificação da alma por meio da obediência à verdade do evangelho é mencionada como sendo resultado de “tendo sido gerado novamente” (Tradução W. Kelly).
Para esses crentes judeus a quem Pedro estava escrevendo, esse era um novo tipo de santificação. A santificação que eles tinham conhecido no judaísmo era uma coisa exterior realizada por meio de rituais pelos quais pessoas e coisas eram separadas e preparadas para os serviços sacerdotais (Lv 8). Uma santificação interior por meio do novo nascimento era algo com que eles não estavam familiarizados, embora os santos do Velho Testamento tivessem nascido de Deus.

ELEIÇÃO


ELEIÇÃO

                   Primeiramente, Pedro fala desses crentes judeus como sendo Eleitos segundo a presciência de Deus Pai”. Eleito significa ter sido escolhido. Por isso, eles foram escolhidos por Deus para ter um relacionamento especial com Cristo em glória celestial, como parte da nova companhia de pessoas abençoadas que Deus estava reunindo – a Igreja de Deus. Essa escolha é algo que Deus fez antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Vemos disto que, se é para a bênção nos alcançar, ela deve começar com Deus, que é a fonte de toda bênção.
A eleição divina não era algo novo para esses judeus; eles faziam parte da nação eleita de Israel. Deus “escolheu” Israel para ter um especial relacionamento de aliança Consigo mesmo, como Seu “povo santo” (Dt 7:6-8). No entanto, o que Pedro estava falando aqui é um tipo diferente de eleição. A eleição de Israel era algo coletivo e nacional, enquanto esta eleição é pessoal e individual. Não era em conexão com seu pai Abraão, como foi o caso de Israel, mas com “Deus Pai”.
A eleição divina é provavelmente a doutrina mais controversa do Novo Testamento. Embora seja frequentemente um tópico de debate entre os Cristãos, Pedro e os outros escritores do Novo Testamento não pedem desculpas por ensiná-la. Eles falam da soberania de Deus – eleição por graça tal como ela é – uma realidade conhecida e crida entre os apóstolos. Isso é algo pelo qual todo crente é grato, pois onde estaríamos sem que Deus tivesse colocado Seu amor sobre nós e nos escolhido para bênção?
A contenda reside no raciocínio de que se Deus escolheu alguns na raça humana para abençoar, então ao desconsiderar os não escolhidos, Ele teria, em resumo, escolhido e eles para uma eternidade no inferno. Uma vez que isso parece depreciativo à própria natureza e caráter de Deus, que ama todos os homens e deseja sua bênção (Jo 3:16; 1 Tm 2:4), isso é repudiado como errado. Uma explicação popular, mas equivocada, que muitos evangélicos dão à graça eletiva de Deus, deriva de um mal-entendido da “presciência” de Deus. Eles dizem que na eternidade passada Deus olhou para frente através do corredor do tempo e previu quem creria no evangelho e quem não creria e escolheu aqueles que creriam. No entanto, esta ideia dá crédito indevido ao homem pela sua salvação. Assume que em seu estado perdido o homem tem o poder de escolher Cristo para a salvação de sua alma. Isto está claramente em colisão com muitas Escrituras que ensinam que o homem caído é tão depravado que não tem absolutamente nenhum poder em si mesmo para vir a Cristo para a salvação.
A verdade é que o homem em seu estado decaído não consegue nem crer no evangelho; Deus tem de dar-lhe fé para fazê-lo (Ef 2:8). As Escrituras ensinam que o homem em seu estado natural está “morto” e, portanto, ele não pode ouvir nem responder ao chamado de Deus pelo evangelho (Ef 2:5; Cl 2:13). Isso nos ensina que é incapaz de “receber” a verdade; ela é tolice para ele (1 Co 2:14 – JND). Também ensina que o homem em seu estado natural é “sem força” (Rm 5:6 – JND) e, portanto, não pode “vir” a Cristo para salvação (Jo 6:44, 65). Deixado em si mesmo, o homem nunca escolherá a Cristo, porque a mente da carne é inimizade contra Deus (Rm 8:7 – TB). Portanto, essa ideia equivocada sobre a eleição, nega a depravação total do homem.
Os homens tentam conciliar a graça soberana de Deus de eleição na salvação, com a responsabilidade do homem de crer no evangelho, mas, ao fazê-lo, muitas vezes pendem apenas para um lado em suas interpretações. A verdade é que ambas as linhas da verdade correm paralelas através das Escrituras, sem se fundirem. Como os dois trilhos de uma ferrovia: aos nossos olhos eles parecem se juntar à distância, mas é claro que isso não ocorre. Uma vez que os caminhos de Deus são inescrutáveis (Rm 11:33), não devemos tentar conciliar essas coisas em nossas mentes, mas devemos deixá-las como são encontradas nas Escrituras. Deus queria que soubéssemos sobre elas, e é por isso que são declaradas nas Escrituras, mas Ele não nos pediu para conciliá-las. Ele sabia muito bem que os pecadores deixados por contra própria não escolheriam a Cristo, então Se adiantou e nos marcou para bênção ao nos escolher. Em algum momento de nossa história, cremos no evangelho e recebemos a bênção da salvação. Como essas coisas juntamente funcionam, está além das nossas mentes humanas.
A doutrina da eleição é a verdade bíblica que mais humilha o homem porque o demonstra ser totalmente desamparado e incapaz de fazer qualquer coisa por si mesmo. É também uma das verdades que mais exalta a Deus nas Escrituras. Como Ele fez tudo por nós em nossa salvação, Ele justamente recebe todo o crédito e toda a glória! Mesmo que não entendamos essas coisas completamente, a verdade da eleição divina deveria produzir louvor de nossos corações.

sábado, 6 de abril de 2019

A TRINDADE


A TRINDADE

              No início, Pedro toca na principal característica do Cristianismo – a Trindade. Ele menciona “o Pai”, “o Espírito” e “Jesus Cristo” como três Pessoas distintas na Divindade que estavam envolvidas em salvação deles (v. 2). Tendo sido iluminados pelo evangelho, esses crentes já teriam conhecido e crido nesta grande verdade; não obstante, Pedro aqui reforça isso como parte integrante da revelação Cristã da verdade.
A Divindade consistindo de três Pessoas distintas era algo novo em relação ao que um judeu conhecia de Deus. A partir de escrituras como Deuteronômio 6:4, os judeus acreditavam que Deus era “uma” Pessoa, conhecida por eles como “Jeová”. Não é que a verdade da Trindade contradiga o que Deus revelou de Si mesmo nos tempos do Velho Testamento; é simplesmente o resultado de Deus colocando-Se na luz e tendo agora dado uma revelação completa de Si mesmo. Nos tempos do Velho Testamento, Deus habitava em trevas espessas” (1 Rs 8:12) e, portanto, os santos naqueles dias tinham apenas uma revelação parcial d’Ele. Mas Ele agora Se colocou “na luz” (1 Jo 1:7), e uma vez que vão passando as trevas, e já a verdadeira luz alumia (1 Jo 2:8), temos uma revelação superior de Deus como sendo: “o Pai”, “o Filho” e “o Espírito Santo” (Mt 28:19). Assim, houve uma revelação progressiva da verdade nas Escrituras sobre a natureza e unidade da Divindade.
Como mencionado, a revelação da Trindade não contradiz nem nega o que era conhecido de Deus no judaísmo. Por exemplo, a palavra “único” em Deuteronômio 6:4 está no plural no texto hebraico. Ela literalmente significa “consistindo de muitas partes, mas como uma”. É usado similarmente em Gênesis 11:6: Eis que o povo é um....”. Além disso, a palavra usual hebraica para “Deus” em todo o Velho Testamento é “Elohim”, que também é plural. Isso explica por que Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança (Gn 1:26; 3:22; 11:7). “Criador”, em Eclesiastes 12:1, também é plural. Assim, as Escrituras do Velho Testamento admitem que Deus seja mais do que uma Pessoa (Is 48:16, etc.), mas a verdade da Trindade não foi revelada naqueles tempos. Não foi sabido que existem diferentes Pessoas na Divindade (Jo 1:1) até que Cristo veio e “revelou” o Pai como sendo uma Pessoa distinta de Si mesmo (Jo 1:18 – ARA).
Pedro então traça uma série de eventos em que as três Pessoas da Divindade agiram na salvação desses santos judeus. Os eventos começam com a graça de Deus elegendo na eternidade passada e termina com o coração e a consciência do crente sendo purificados pela apropriação em fé do sangue de Cristo. Essa progressão da ação divina é verdadeira na história de todo Cristão, seja ele salvo de entre os gentios ou de entre os que estão no judaísmo.

A Saudação


A Saudação

V. 1 – Pedro se apresenta como um apóstolo “de Jesus Cristo” – colocando o nome de Humanidade do Senhor (Jesus) antes de Seu título (Cristo). Nota-se que Paulo inverte a ordem quando se apresenta. Ele diz que ele é um apóstolo “de Cristo Jesus”. Como regra geral, quando o nome do Senhor é colocado antes de Seu título nas Escrituras, como Pedro faz aqui, refere-se a Ele como tendo descido do céu para glorificar a Deus em Sua morte e ressurreição. Por outro lado, quando o título do Senhor é colocado antes de Seu nome de Humanidade, refere-se a Ele como tendo completado a redenção e voltado ao céu como um Homem glorificado. Uma vez que Pedro recebeu seu apostolado do Senhor quando Ele estava aqui na Terra (Lc 6:13-16), ele chama a si mesmo de apóstolo de “Jesus Cristo”. Paulo, por outro lado, recebeu seu apostolado do Senhor depois de Ele ter morrido e ressuscitado. Foi do Seu lugar no alto, à direita de Deus, do qual o Senhor chamou Paulo para o seu apostolado (1 Co 9:1). Consequentemente, Paulo se chama de apóstolo de “Cristo Jesus”.
O Apóstolo Pedro é um dos nove Simões do Novo Testamento:
  • Simão Pedro (Mt 10:2).
  • Simão, o cananeu [zelote] (Mt 10:4).
  • Simão, o meio irmão do Senhor (Mt 13:55).
  • Simão, o leproso (Mt 26:6).
  • Simão, de cireneu (Mt 27:32).
  • Simão, o fariseu (Lc 7:40).
  • Simão, pai de Judas Iscariotes (Jo 6:71).
  • Simão, o mágico (At 8:9).
  • Simão, o curtidor (At 9:43).

 Pedro identifica o seu público como sendo os “peregrinos da dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia (Menor) e Bitínia” (AIBB). Essas são cinco regiões na Turquia moderna, que naquela época contavam com uma grande população de judeus. Esses judeus haviam sido “dispersos” entre os gentios desde os dias imediatamente após o cativeiro babilônico (Jo 7:35), mas o evangelho havia chegado até eles e muitos deles haviam se tornado Cristãos. O fato de os judeus serem vistos “dispersos” é uma prova de que a nação falhou em sua responsabilidade com respeito ao relacionamento de aliança com Jeová. Esse foi um dos juízos que Moisés disse em que eles incorreriam – a perda de suas terras e uma consequente dispersão entre as nações (Lv 26:33-35; Dt 4:27; 28:64). Assim, esses judeus eram uma testemunha firme do fato de que a nação havia falhado e havia sido despojada de seus antigos privilégios de sua herança na terra de Canaã.
V. 2 – Pedro prossegue mostrando a esses judeus convertidos que, embora a nação tenha temporariamente perdido suas bênçãos e privilégios terrenos, Deus tinha algo melhor para todos os que recebessem o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. Como crentes, eles agora tinham um novo relacionamento com Deus e uma porção totalmente nova de bênçãos em Cristo. Essas coisas eram superiores a tudo o que possuíam no judaísmo.
Nestes versículos de abertura, Pedro menciona pelo menos dez coisas que eles tinham agora em Cristo ressuscitado que eram inteiramente novas:

NOVAS BÊNÇÃOS CRISTÃS Capítulo 1:1-12


NOVAS BÊNÇÃOS CRISTÃS
Capítulo 1:1-12

Os primeiros doze versículos do capítulo 1 formam a parte doutrinal da epístola. Esses versículos apresentam a posição atual dos crentes no Senhor Jesus Cristo e formam a base para as exortações práticas que se seguem.
Ao cumprir sua missão para com seus irmãos judeus, Pedro os instrui e os exorta quanto à nova posição que eles ocupam como Cristãos. Ele lhes mostra a que, como crentes no Senhor Jesus Cristo, suas bênçãos agora tinham uma nova forma. Quer fosse eleição, santificação, redenção, a herança, a casa de Deus, o sacerdócio etc. (termos com os quais eles estavam familiarizados no judaísmo), eles seriam agora conhecidos de um modo totalmente novo e diferente no Cristianismo.

O REINO


O REINO 

           Tendo recebido as chaves do reino dos céus (Mt 16:19), Pedro foi escolhido para abrir a porta da bênção a ambos, aos judeus (At 2) e aos gentios (At 10). Assim, ele dá ênfase quanto ao reino em seu ministério. Ele fala frequentemente da Aparição de Cristo, que é o evento que marca a introdução do reino e Seu reinado público neste mundo (1 Pe 1:5, 7, 13; 4:13; 5:1, 4; 2 Pe 1:11, 16; 3:4, 10).
A menção do “reino de Deus” nas Escrituras enfatiza o lado moral das coisas (Rm 14:17). Isto é, pertence ao caráter moral de Deus sendo trabalhado nas maneiras e nos caminhos dos santos. Já que o ministério de Pedro é imensamente prático, o assunto do reino se adequa bem aos seus ensinamentos e exortações.

O GOVERNO DE DEUS


O GOVERNO DE DEUS 
                 
                Embora o viver por fé seja enfatizado em todas as epístolas hebraico-Cristãs, nas epístolas de Pedro o tema das relações governamentais de Deus, que agem nos bastidores de nossas vidas é exclusivo. Isso é referido em cada capítulo (caps. 1:17; 2:12; 3:10-12; 4:17; 5:5-6). Na primeira epístola de Pedro, o governo de Deus é visto operando em conexão com os crentes, enquanto na segunda epístola, é contra os incrédulos. Um texto chave a esse respeito é 1 Pedro 4:17. A primeira parte do versículo refere-se àqueles na “casa de Deus” e a última parte do versículo refere-se àqueles que estão fora da casa que são desobedientes ao evangelho de Deus.
O governo de Deus é um termo que, os que ensinam sobre a Bíblia, usam para indicar os tratamentos providenciais de Deus para com os homens – positiva ou negativamente – como uma consequência do modo como vivem. Gálatas 6:7-8 dá o princípio geral sobre o qual o governo de Deus atua: Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna. Isso mostra que há consequências para nossas ações, embora possamos não senti-las imediatamente. Os dois lados do governo de Deus são:
q Juízo governamental.
q Bênção governamental.

Visto que o Senhor tem “todo o poder” no “céu e na Terra” (Mt 28:18), Ele pode fazer com que coisas boas, bem como coisas ruins (calamidades), ocorram na vida dos homens de acordo com suas obras. Ele pode “cercar” o caminho do transgressor com juízos governamentais na forma de dificuldades, problemas, tristezas, doenças, etc., com o objetivo de deter seu proceder rebelde e produzir arrependimento (Os 2:6-7). Deus também pode usar Seu poder para ordenar circunstâncias felizes e abençoadas na vida dos homens que fazem o que é correto, e assim eles irão “herdar bênção” (JND) em suas vidas (praticamente) e ver os dias bons (1 Pe 3:9-12a).
É importante entender que os tratamentos governamentais de Deus para com os homens pertencem apenas ao seu tempo na Terra; não têm nada a ver com o seu destino eterno. Além disso, se trouxermos sobre nós o juízo governamental de Deus por conta de nossas ações pecaminosas, existe algo como o perdão governamental de Deus, para se, e quando, nos arrependermos (Mt 18:26-27; Lc 7:48; Jo 5:14; Tg 5:15; Sl 103:10-12). Isso mostra que Deus tem um coração perdoador (Sl 130:3-4). O perdão governamental tem a ver com Deus tirando Seu juízo de sobre nós, qualquer que seja a maneira ou medida que tenhamos o experimentado. Então, novamente, o Senhor pode escolher nos deixar continuar sob os efeitos de Seu juízo governamental (parcial ou totalmente), mesmo quando houver verdadeiro arrependimento, porque Ele conhece as tendências de nosso coração, e isso nos mantém dependentes d’Ele e, em último caso, para evitar que saiamos dos trilhos novamente. Assim, a comunhão será restaurada, mas os efeitos de nossas ações podem continuar a serem sentidos (2 Sm 12:10).
Muitos Cristãos têm uma visão desequilibrada do assunto do governo de Deus. Eles o veem apenas pelo lado negativo julgador. Ao se referirem a alguém que se rebelou contra Deus, dirão: “Fulano está sob o governo de Deus”. Isso é verdade, mas, na realidade, todos os Cristãos estão sob o governo do Pai – seja para o bem ou para o mal.

VIVER POR FÉ


VIVER POR FÉ

            Outra característica da epístola é viver por fé (cap. 1:5, 7, 9, 21; 5:9, etc.). Embora “fé” seja mencionada apenas duas vezes no Velho Testamento (Dt 32:20; Hc 2:4), ela não seria algo novo para alguém de origem judaica. Hebreus 11 mostra que desde o princípio dos tempos, todos os santos viviam pela fé. (Palavras como: “confiar”, “esperar” e “descansar” são usadas com bastante frequência no Velho Testamento e transmitem o pensamento da fé da alma em Deus – Salmo 37, etc.).
O dever do ministério de Pedro era mostrar a esses crentes que, mesmo tendo se tornado Cristãos, eles ainda tinham que andar pela fé – apenas que agora isto estava em conexão com novas bênçãos e esperanças celestiais que eles tinham em Cristo. Nos dias de Seu ministério terreno, os discípulos O conheceram como o Messias na Terra, mas quando Ele foi rejeitado pela nação e retornou ao Pai no céu, eles O conheceram de uma nova maneira – como um Homem glorificado à direita de Deus. O Senhor explicou isso aos apóstolos no cenáculo. Ele ensinou-lhes que, assim como tinham fé em Deus a Quem não podiam ver, deveriam ter fé n’Ele, a Quem em breve não veriam mais, porque Ele estava voltando para o Pai (Jo 14:1).
Viver por fé é característico das epístolas do “deserto” – 1 Coríntios, Filipenses, Hebreus e 1 Pedro. Essas epístolas veem os santos como peregrinos e forasteiros na Terra (cap. 2:11) sendo testados pelas provações que enfrentam no caminho (cap. 1:6-7). Assim, vemos Pedro exortando e consolando os santos que estão trilhando o caminho da fé. O Senhor Jesus era um Peregrino e um Forasteiro celestial quando estava aqui, e Ele é posto diante de nós como um “exemplo [modelo – JND] para imitarmos em nossa peregrinação (cap. 2:21). Portanto, seja nos tempos do Velho Testamento ou nos tempos do Novo Testamento, viver por fé é necessário. Todos os que o fazem agradam a Deus (Hb 11:6).

OS SOFRIMENTOS DE CRISTO


OS SOFRIMENTOS DE CRISTO

           Uma característica marcante da primeira epístola de Pedro é o assunto dos “sofrimentos de Cristo” (KJV). Eles são mencionados em cada capítulo (caps. 1:11; 2:21; 3:18; 4:1, 13; 5:1). Seus sofrimentos são trazidos não só como um modelo de como devemos reagir quando as pessoas nos tratam mal, mas também como uma motivação para vivermos uma vida devota e piedosa.
Pedro enfatiza os sofrimentos de Cristo em seu ministério porque isso era algo que os judeus geralmente não prestavam atenção nos oráculos de Deus – as Escrituras Messiânicas. Em cada uma das profecias sobre o Messias, o Espírito de Cristo testificou dois grandes temas – “os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir” (cap. 1:11). Ao longo dos escritos proféticos do Velho Testamento, há o que diz respeito aos sofrimentos do Messias e o que diz respeito àquilo que pertence ao Seu reinado em glória real. A ordem em que essas coisas são encontradas nas Escrituras indica que Cristo primeiro sofreria antes de entrar em Sua glória (Lc 24:26).
Os judeus permaneciam nas passagens que pertenciam às glórias do Messias e nelas se deleitavam. Eles as liam em suas festas anuais com grande entusiasmo. Mas, infelizmente, eles negligenciaram as passagens que têm a ver com os sofrimentos do Messias – por exemplo, Salmo 22; Salmo 69; Isaías 50:4-6; 53:1-12; Miquéias 5:1; Zacarias 13:7, etc. Essas Escrituras revelam que Cristo seria rejeitado por Seu próprio povo, a quem Ele veio para abençoar (Jo 1:11) e seria “cortado” (JND) na morte (Sl 22:15; Is 53:8; Dn 9:26). Deus tinha uma razão muito importante para permitir que isso acontecesse; a morte de Cristo seria o meio pelo qual o pecado seria expiado em Sua grande, “oferta pelo pecado”, feita uma vez por todas (Is 53:10 – TB; 2 Co 5:21).
O Senhor indicou estes dois temas nas Escrituras para aqueles com quem estava indo para Emaús. Ele os repreendeu por não crerem tudo o que os profetas falaram” a respeito do Messias. Eles como os judeus em geral, tinham crido apenas nas partes da Escritura que pertenciam à glória do Messias, e isso os levou a conclusões erradas quando Ele foi rejeitado e crucificado. Para responder ao seu desapontamento, o Senhor explicou-lhes pelas Escrituras que Ele deveria primeiro sofrer, antes de entrar na glória de Seu reino (Lc 24:25-27).
Juntamente com os sofrimentos de Cristo nesta epístola, é repetida a menção dos sofrimentos dos santos. Pedro menciona isso muitas vezes, de várias maneiras e aspectos, e os vê como a experiência normal dos Cristãos (caps. 2:19; 3:14, 17; 4:1, 16; 5:10). Ele mostra que isso é parte integrante da vida de fé sendo vivida em um mundo que rejeitou a Cristo. Por isso, nesta primeira epístola, vemos Pedro preparando os santos para a adversidade. Ele os encoraja a suportar o sofrimento que é inevitável quando se vive para Cristo.

Algumas Características da Epístola


Algumas Características da Epístola

As duas epístolas de Pedro são baseadas em duas experiências memoráveis que ele teve como discípulo do Senhor. Esta primeira epístola relaciona-se à ocasião em que o Senhor anunciou que iria edificar a Sua Igreja (Mt 16:16-18). Naquele momento, Ele o chamou de “Pedro” (que significa “uma pedra”), indicando que ele seria uma parte daquele edifício como uma pedra viva (1 Pe 2:5). (Compare com João 1:42.) A segunda epístola é baseada na experiência de Pedro com o Senhor no monte da transfiguração (Mt 17:1-9). Ele faz referência a essa experiência no capítulo 1:16-18 e nela baseia diversas observações e exortações.
Como observado, o apóstolo Pedro tinha uma linha especial de ministério dada pelo Senhor. O caráter de seu ministério é completamente diferente do caráter do ministério de Paulo e João. O ministério de Paulo enfatiza nossa união com Cristo como membros de Seu corpo e nosso lugar na raça da nova criação, como Seus irmãos. O tema do ministério de João são as características da vida eterna na família de Deus, ao passo que nas epístolas de Pedro, não encontramos a união com Cristo, nem a raça da nova criação, nem a vida eterna – e nem encontramos o amor de Deus e o Arrebatamento dos santos em suas epístolas. J. N. Darby assinalou que “a doutrina da reunião dos santos com Jesus nos ares, quando forem ao Seu encontro, não faz parte dos ensinamentos de Pedro” (Synopsis of the Books of the Bible, Loizeaux edition, vol. 5, pág. 427; Collected Writings, vol. 28, pág. 164). Como mencionado, Pedro trabalha para estabelecer os crentes judeus no novo modo de vida no Cristianismo e nos exercícios que são próprios de um crente que anda pela fé nesse caminho. Por essa razão, seu ministério tem aplicação também para os crentes gentios – pois todos os Cristãos, não apenas judeus convertidos precisam de exortação prática em relação ao viver Cristão. Assim, o ministério de Pedro é principalmente pastoral, tocando fortemente no lado prático do Cristianismo.

A Transição do Judaísmo ao Cristianismo


A Transição do Judaísmo  ao Cristianismo

Após a morte de Cristo, aqueles da comunidade judaica que creram n’Ele, estavam inseguros quanto à direção em que Deus Se movia em relação às promessas do Velho Testamento, concernentes ao estabelecimento do reino Messiânico. A morte do Senhor foi um choque terrível para eles; eles estavam convencidos de que seria “Ele o que remisse Israel” (Lc 24:21). Eles pensaram que Ele os libertaria (o significado de redenção) de seus opressores gentios que governavam sobre eles (Lc 4:18), e assim, efetuaria a “grande salvação” da libertação nacional de seus inimigos, como anunciado no evangelho do reino (Hb 2:3). Mas tendo morrido, suas esperanças n’Ele estavam aniquiladas e eles ficaram desencorajados. Nesta epístola, Pedro mostra a esses queridos crentes que tudo não estava perdido na morte de Cristo. De fato, a morte de Cristo realizou grandes coisas para a glória de Deus e para a bênção do homem. Ela glorificou a Deus em relação a toda a questão do pecado. Foi a derradeira “oferta pelo pecado” (Is 53:10 – TB; Rm 8:3; 2 Co 5:21) que permitiu a Deus tirar os pecados de todos os que cressem (Hb 9:26-28). Além disso, Pedro ensinou-lhes que em Cristo ressuscitado e na vinda do Espírito Santo, Deus introduz uma esfera de muito maiores bênçãos e privilégios, do que aquela que as esperanças judaicas tinham em vista – e que essas novas bênçãos em Cristo estavam eternamente seguras. Por isso, o fracasso de Israel em receber seu Messias não derrotou a Deus. Não abalou Seu plano de abrir uma bênção maior em Cristo; isso era algo que Ele pretendia fazer antes da fundação do mundo.
Em consequência do fracasso de Israel em manter as condições da aliança da Lei e da rejeição deles ao Messias, houve uma mudança nos caminhos de Deus; Seus tratamentos com a nação de Israel foi suspenso. Isso é algo que foi predito pelos profetas de Israel (Dn 9:24-27; Mq 5:1-3; Zc 11:10-14, etc.). Enquanto isso, Deus “visitou os gentios” com o evangelho de Sua graça com o objetivo de chamar, dentre eles, crentes no Senhor Jesus Cristo, para compor uma nova companhia celestial de pessoas abençoadas – a Igreja de Deus (At 15:14). Todos os que cressem de entre os judeus e os gentios seriam parte dessa nova companhia (1 Co 12:13; Ef 2:11-22; 3:6).
Como mencionado, a primeira geração de Cristãos judeus precisava de instrução por causa dessa troca dispensacional nos caminhos de Deus, que é dada nas epístolas hebraico-Cristãs. (O apóstolo Paulo também explica essa mudança dispensacional em Romanos 9-11.) As esperanças dos crentes judeus no Senhor Jesus antes da cruz, eram centradas n’Ele, e com razão, mas essas esperanças estavam de acordo com o fato de Ele ser seu Messias judeu terreno. Mas a morte e ressurreição de Cristo mudaram tudo; tendo sido “cortado” (JND) na morte, Ele não teria “nada” (JND) naquele tempo, no que diz respeito ao Seu Messiado (Dn 9:26). Como Cristãos, os crentes judeus agora O conheceriam em um novo e muito mais abençoado relacionamento, como um Salvador ressuscitado em glória celestial. Assim, Paulo disse: “ainda que temos conhecido a Cristo segundo a carne, agora contudo não O conhecemos mais deste modo. Se alguém está em Cristo, é uma nova criação; passou o que era velho, eis que se fez novo” (2 Co 5:16-17 – TB). Assim, a morte de Cristo fechou a porta (temporariamente) à bênção judaica na Terra, mas a ressurreição e ascensão de Cristo abriram a porta para bênçãos superiores para os Cristãos, que estão em uma nova posição de favor diante de Deus em Cristo.
Pedro não estava escrevendo para aqueles que conheceram o Senhor na Terra, pois ele diz: “Ao qual, não O havendo visto, amais...” (cap. 1:8). Esses crentes haviam se convertido após o Pentecostes e, portanto, não tinham visto o Senhor pessoalmente. Alguns deles podem muito bem ter se convertido pela pregação de Pedro no dia de Pentecostes (At 2:5-11). E alguns podem ter sido salvos por meio dos trabalhos de Paulo e Barnabé, que pregaram em algumas das regiões mencionadas no capítulo 1:1. Independentemente de esses santos serem convertidos de Pedro ou não, eles eram crentes judeus, e ele sentia a responsabilidade de pastoreá-los como havia sido comissionado pelo Senhor. Assim, ele escreve para falar-lhes do novo relacionamento que tinham com Deus como Pai e de seu nova posição diante d’Ele em Cristo. Ele também lhes mostra que eles tinham novas e melhores esperanças em Cristo ressuscitado e os instrui quanto à conduta apropriada adequada às novas bênçãos Cristãs. Uma vez que estava escrevendo para aqueles que estavam familiarizados com as Escrituras do Velho Testamento, Pedro faz numerosas referências a passagens no Velho Testamento, com as quais eles deviam estar familiarizados.

INTRODUÇÃO


INTRODUÇÃO

Desde os primórdios do Cristianismo, quando as coisas nos caminhos de Deus estavam em transição (dispensacionalmente) do judaísmo ao Cristianismo, havia uma necessidade de que os judeus crentes em Cristo fossem instruídos neste novo início de Deus. É por isso que as epístolas hebraico-Cristãs (Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro) foram escritas e incluídas no cânon das Escrituras.
Pouco antes de ir para a cruz, o Senhor disse a Pedro: “e tu, quando estiveres restaurado, confirma [estabelece] teus irmãos” (Lc 22:32 – JND). Então, depois que o Senhor ressuscitou de entre os mortos, Ele formalmente comissionou Pedro para este trabalho, declarando: “Alimenta Meus cordeiros” e “Pastoreia as Minhas ovelhas” (Jo 21:15-17 – JND). Assim, o Grande Pastor nomeou Pedro como sub-pastor para cuidar de Seu rebanho e ministrar às suas necessidades no tempo de Sua ausência – especialmente em coisas práticas envolvidas na mudança do judaísmo para o Cristianismo. No livro de Atos e em suas duas epístolas inspiradas, vemos Pedro cumprindo este ministério.
Aprendemos de Gálatas 2:7-8 que o “apostolado” de Pedro foi para “a circuncisão”. Isto é, o foco de seu ministério era principalmente para com seus irmãos judeus que haviam se tornado crentes no Senhor Jesus Cristo. De acordo com isso, Pedro lhes escreve suas epístolas. (1 Pe 1:18 e 2:12 confirmam isso.) O apóstolo Paulo chama esses crentes de “um remanescente, segundo a eleição da graça” (Rm 11:5 – JND) e “o Israel de Deus” (Gl 6:16).
Várias coisas ligadas ao judaísmo tinham formado as consciências daqueles criados naquela religião dada por Deus, que não eram fáceis de serem abandonadas, embora tivessem se tornado Cristãos. Esses escrúpulos se apegaram a esses queridos santos de Deus (e compreensivelmente) e levaram a impedi-los que andassem na liberdade do Cristianismo. Essas coisas poderiam ser chamadas de “faixas”, que no caso de Lázaro tinham de ser retiradas antes que ele pudesse andar corretamente (Jo 11:44). Portanto, havia uma necessidade real da verdade nas epístolas hebraico-Cristãs nos primórdios do Cristianismo, quando a maioria dos santos da Igreja era de origem judaica. Os judeus têm vindo continuamente a Cristo para salvação desde aqueles primeiros dias até hoje, e essas epístolas lhes têm sido uma ajuda real.
No final desta epístola, Pedro declarou: “escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes”. Assim, ele deixou claro que seu propósito ao escrever a esses santos judeus era instruí-los e exortá-los a respeito da conduta adequada à nova posição em que se encontravam como Cristãos.

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